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Seu guia completo para assistir Cabaret



O musical de John Kander e Fred Edd, ‘Cabaret’, é atualmente considerado uma das principais obras de teatro musical da história, obrigatória para todos aqueles que querem se aprofundar no gênero. O espetáculo está previsto para estrear sua mais nova montagem brasileira em março desse ano, pelas mãos de Kleber Montanheiro, enquanto, mesmo quase sessenta anos depois da estreia da montagem original, o espetáculo possui ingressos disputadíssimos em Londres, e está prestes a estrear mais um revival não Broadway. Com isso em mente, o Backstage Musical resolveu se aprofundar um pouco mais na trajetória desse ícone do teatro musical.

Quando ‘Cabaret’ estreou em 1966, na Broadway, o espetáculo inspirado no romance ‘Goodbye Berlin’, de Christopher Isherwood, era bem diferente do que conhecemos atualmente. Com Jill Haworth no papel de Sally, e Joel Grey como Emcee, a Broadway via pela primeira vez um espetáculo sobre a ignorância humana, e como ela é destrutiva, pelas lentes de Cliff, um escritor que vai para Berlim no período pré-nazista, em busca de inspiração para seu novo romance, e lá conhece Sally Bowles, uma artista de cabaret, que consegue conquistar ele com seu charme, mesmo em meio a esse cenário decadente.


Ao abrir as cortinas e o público se deparar com um espetáculo que ao invés de iniciar com um ‘Overture’, (como era comumente feito em todos os clássicos), iniciava coma uma simples batida de bateria e um mestre de cerimônias misterioso que intercalava música com falas para introduzir os personagens, era claro para a plateia que estavam ali diante de algo novo, algo revolucionário.


Mesmo estando ali toda a essência do espetáculo que conhecemos hoje em dia, algumas de suas músicas mais famosas ainda não existiam, enquanto números como ‘Why Should I Wake Up?’ e ‘Telephone Song’, dificilmente incluídos hoje em dia, faziam parte da trilha sonora.


Mas tudo mudou em 1972, com a versão cinematográfica do musical, estrelando Liza Minnelli na sua performance icônica como Sally Bowles, e Joel Grey retornando no papel de Emcee. Um detalhe curioso foi a troca de nacionalidade da protagonista, que na versão de palco é britânica, para americana, para se adaptar melhor à Liza. O filme trouxe uma abordagem mais obscura para o espetáculo, incluindo novas canções, como ‘Maybe This Time’, e ‘Mein Herr’, que traziam um pouco mais o ponto de vista de Sally, e logo se tornaram grandes hinos, sendo incorporados em diversas montagens, até os dias de hoje.


Em 1987, a Broadway recebeu o primeiro revival do espetáculo, novamente com Joel Grey no papel de Emcee, mas dessa vez, ao lado de Alyson Reed no papel de Sally.


Mas foi apenas em 1989 que o Brasil ganharia sua primeira montagem do espetáculo. O espetáculo que teve direção de Jorge Takla, ficou em cartaz no Teatro Procópio Ferreira, e contou com Beth Goulart como Sally e Diogo Vilela como Emcee. Entre os raros registros que se pode encontrar hoje em dia dessa produção, é divertido notar que a música ‘Don’t Tell Mama’ foi transformada num número de sapateado. Um fato curioso é que uma jovem estrela, Claudia Raia foi convidada pra interpretar Sally, mas teve que recusar o papel por conta de um contrato com uma novela, mas ela manteve esse sonho bem guardadinho no coração até 2011.





Mas foi em 1998, com o revival da Broadway, pelas mãos de de Sam Mendes, depois de uma temporada em Londres, que o espetáculo ganharia o que seria provavelmente sua forma mais definitiva, com uma visão extremamente sombria e decadente do musical, levando o público para as profundezas da Berlim pré-nazista. O texto dessa montagem é o mais comumente usado até os dias de hoje, e incluiu pela primeira vez na versão de palco as músicas ‘Maybe This Time’ e ‘Mein Herr’, que hoje em dia é difícil imaginar o espetáculo sem elas.


Muito do destaque dessa produção foi pelos grandes nomes que passaram por ela em suas duas temporadas, a primeira contou com Neil Patrick Harris, Michael C Hall, Alan Cumming, Raul Espaza, Susan Egen, Natasha Richardson, entre outros. A segunda montagem, em 2014, ficou muito lembrada por sem a que teve Emma Stone no papel de Sally, mas também contou com o retorno de Alan Cumming como Emcee, e Michelle Williams como Sally.


Enquanto isso, em 2011, recebemos o primeiro revival brasileiro do espetáculo, produzido e estrelado por Cláudia Raia, que finalmente realizava seu sonho de interpretar Sally, após 30 anos de carreira. Foi ali, também, que ela trabalhou pela primeira vez com Jarbas Homem de Mello, que viria se tornar seu marido nos anos seguintes. Novamente no Teatro Procópio Ferreira, o espetáculo contou com direção de José Possi Neto, e trazia uma abordagem mais colorida e luxuosa do Kit Kat Club, indo de contramão com a montagem de Sam Mendes.


O espetáculo voltou a ganhar a atenção de toda a comunidade teatral em 2021, com a atual montagem londrina, que está prestes a chegar aos palcos da Broadway, também. A versão do texto é a mesma de Sam Mendes, mas surpreende pela abordagem completamente nova do clássico. Em uma montagem imersiva, a direção consegue com maestria misturar o grotesco, com um charme único. Tamanho o sucesso da produção dirigida por Rebecca Frecknall, que a montagem foi indicada para 11 Olivier Award, e ganhou 7, incluindo Melhor Revival de Musical, Melhor Atriz para Jessie Buckley e Melhor Ator para Eddie Redmayne, se tornando o revival com mais estatuetas da história do prêmio Olivier, e o primeiro musical a conquistar os quatro prêmios de atuação. Fomos conferir ao vivo essa montagem em junho do ano passado, e contamos aqui como foi a experiência.





Como resposta à esse imenso sucesso, foi anunciada a transferência da montagem para a Broadway, que deve estrear em abril desse ano, no August Wilson Theatre. Para receber o espetáculo, o teatro todo passará por uma reforma, transformando seu palco italiano num palco de arena. Toda essa reforma fará dessa montagem o revival mais caro da história da Broadway, e terá no elenco Eddie Redmayne reprisando seu papel de Emcee, e Gayle Rankin como Sally. Outro destaque do elenco será Bebe Neuwirth como Fraulein Schneider.


Chegamos, então, à próxima montagem brasileira. Prevista para estrear dia 08 no 033 Rooftop, ela deve trazer a mesma pegada imersiva da atual de Londres, incluindo um pré-show e um jantar explorando a gastronomia alemã para quem quiser uma experiência ainda mais completa. O elenco será encabeçado por André Torquato como Emcee e Fabi Bang. A atriz que também participou da montagem de 2011 do espetáculo, interpretando Frenchie, uma das garotas do Kit Kat Club, agora será a protagonista do musical, dando vida à Sally Bowles.


Foi confirmado pelos stories do perfil do musical, que o texto utilizado será o de 1967, bem dos primórdios do espetáculos, incluindo músicas que raramente são vistas hoje em dia, como ‘Sitting Pretty’, ‘Don’t Go’ e ‘The Thelephone Song’. Apesar de não ter as tão amadas ‘Maybe This Time’ e ‘Mein Herr’, será uma oportunidade única de ver algo próximo de como era o conceito original do espetáculo.


Muito se fala de espetáculos que são rescritos por conta de um texto e músicas que não são fortes o suficiente, mas esse com certeza não é o caso de Cabaret, que é considerado um dos melhores textos para teatro musical. Essa reinvenção constante do espetáculo o torna ainda mais interessante, e intriga os fãs a querem conhecer todas as suas formas.



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