top of page
LOGO_Backstage_Musical_NOVO2020_Crachá.

Mari Gallindo concilia turnê nacional com os ensaios de Bonnie e Clyde



Para começar, Mari conte pra gente um pouco do início da sua trajetória artística e como você chegou ao Teatro Musical


MG: Eu comecei dançando. Bem cedo eu me iniciei na dança, fiz ballet, jazz, sapateado e era totalmente entregue às artes do corpo até que conheci o ballet contemporâneo e foi aí que tive um pequeno contato com o teatro. Eu adorei o teatro e decidi então estudar com 16 anos e me apaixonei pelo teatro. No curso de teatro tinha uma cadeira que era de teatro musical e quando eu descobri que existia teatro musical eu enlouqueci da vida ˜meu Deus, existe uma coisa que dá pra atuar, cantar e dançar!"

Minha vida era um musical, eu sempre fui de acordar cantando, dançar em meio de loja, eu sou assim… então aquilo tudo passou a fazer sentido e eu comecei a fazer teatro musical com 17 anos e fui diretão, emendando uma peça na outra, e já são quase 30 trabalhos ao longo desses anos todos.


“Amor Por Anexins” é uma peça com texto brasileiro, com músicas originais. Como foi para você participar de um processo de montagem de um musical com DNA bem brasileiro, ainda mais com um texto de uma pessoa tão relevante para a história do teatro brasileiro


MG: Esse texto caiu como uma luva para tudo que eu estava pensando em fazer na minha vida. Eu adoro fazer teatro musical e adoro a nossa história, o nosso teatro brasileiro, amo fazer teatro de revista. Aí quando a Célia (Forte) falou do "Amor por Anexins" que é Artur de Azevedo eu fiquei doida. Eu já estava com esse pensamento de fazer uma peça menor, de me experimentar num outro modelo de teatro e fiquei muito feliz com esse convite. Essa peça é maravilhosa, a direção do Elias impecável e ele foi muito generoso em tirar o que há de melhor em mim, de permitir me experimentar em várias facetas, tanto vocalmente quanto de interpretação.


É uma personagem (Inês) muito divertida, por que ao mesmo tempo que ela é charmosa, ela é doida, ela é recatada, ela é devassa… tem de tudo nessa personagens, inclusive vocalmente: eu canto popular, lírico, rock, pop. Essa peça permeia por vários estilos, eu posso explorar tudo que eu sei fazer, eu consigo colocar todo meu repertório de corpo, voz, interpretação nessa peça. Além é claro de ser uma comédia divertidíssima: eu amo fazer comédia, e "Anexins" é uma comédia escrachadona.


É muito legal fazer uma peça brasileira, tem o nosso DNA. Broadway é muito bom fazer, mas a colocação vocal é outra e eventualmente você não pode trocar uma coisa ou outra porque tem que manter essa fidelidade ao material original e nessa peça, está a nossa essência. Eu sou brasileira, esse tipo de realidade eu conheço, é a minha língua, minha linguagem de corpo e voz e têm sido muito bom fazer. Eu estava desejando isso a muito tempo e caiu num momento bem especial pra mim.


Você tem uma vasta experiência, integrando o elenco de grandes musicais como Hair, Chacrinha, Cantando na Chuva e Annie. Qual a diferença de fazer uma grande produção como essas e estar num musical onde você só tem um único colega de elenco?


MG: Olha, é maravilhoso! São realidades completamente diferentes, Por quando você faz um musical grande você tem mais colegas e com isso, você tem uma demanda maior de cronograma, você tem cenas com mais pessoas, de ver cenas com um colega aqui, outro ali, às vezes você fica na espera… coisas do processo de montagem. Ao mesmo tempo, em cena, você consegue "dar uma disfarçada" porque a atenção é diluída e você é um entre 20/30. A atenção e responsabilidade com o material é a mesma, mas tem essa questão do olhar do público ser diluído entre todo o elenco.


Em "Anexins" somos só dois atores, só eu e o Cláudio e a nossa atenção tem que estar 100%. Não tem escudo, somos só eu e ele, e em alguns momentos só eu ou só ele, então temos essa responsabilidade de segurar a plateia e não deixar a peteca cair, mesmo se tenha uma dia que você está um pouco mal: Sou eu e só eu, a responsabilidade é maior, o cuidado é redobrado.


Mas ao mesmo tempo, tem a delícia do processo de ensaio. Como somos só eu e o Cláudio a gente bate tudo junto, faz no nosso tempo, temos mais atenção do diretor e da produção e assim, temos esse mimo, esse preciosismo: Somos nós dois e temos esse toque, esse olhar aguçado exclusivamente pra gente. Trabalhar com o Cláudio é ótimo, é divertidíssimo e a gente se diverte muito fazendo a peça. São dois cenários completamente diferentes e os dois são igualmente maravilhosos.


Depois de uma temporada em São Paulo, vocês seguiram em turnê. Essa não é sua primeira vez viajando com um musical: Como tem sido para você esse momento de levar a peça para outras cidades?


MG: Realmente não é minha primeira turnê. Eu já fiz muitas turnês e eu AMO fazer turnê, eu sempre falo que se for pra seguir em tour, me contratem por que eu adoro mesmo. Toda essa parte da viagem em si, de conhecer e voltar para lugares diferentes e também, poder levar a minha arte para o público e perceber como ele reage de maneira diferente e ter essa troca. No "Anexins" mesmo a gente tem essa preocupação de conversar com alguém da cidade, de entender uma particularidade e colocar isso no texto: a gente tem essa liberdade de colocar algo do costume das pessoas daquele lugar e trazer essa empatia para a peça.


Essa é a primeira turnê que eu tô fazendo com filho, e isso muda um pouco, tem essa dorzinha de no final de semana deixar meu filho em casa e uma parte do coração fica lá, mas é por uma maravilhosa causa e faz parte da nossa rotina. A gente sabendo se organizar a gente consegue ser mãe, mulher, atriz e poder expandir minha arte para o máximo de pessoas possíveis e tocar as pessoas. Valeu meu dia quando eu percebo que minha arte chegou ali no público.


Em “Bonnie e Clyde” você novamente estará em cena com o ator Cláudio Lins. Como foi estabelecer essa parceria e depois retomá-la?


MG: Eu conheci o Cláudio durante "Rock In Rio - O Musical" que fizemos juntos em São Paulo. Nos conhecíamos mas não tínhamos uma relação de amizade, até porque ele entrou depois na peça, fazendo apenas a temporada paulista. Já em "Amor por Anexins" a gente ficou muito próximo, ficou muito gostoso: conhecemos a família um do outro, e faz esse intercâmbio de diversão entre as famílias. É muito bom poder levar essa amizade para o palco!

Agora no "Bonnie e Clyde" estamos juntos mais uma vez fazendo essas bagacueirices (risos). A gente não está no mesmo núcleo, mas a gente se diverte da mesma maneira, bate texto e se ajuda. Assim como o Cláudio, tem muitos amigos que eu fiz por causa do teatro e são pessoas que eu levo pra vida. Na teatro a gente abre nosso coração para expor nossa arte e os colegas de elenco fazem o mesmo e a gente acaba se conectando. Tenho muitos amigos que são do palco pra vida!


Como tem sido conciliar a turnê de “Amor Por Anexins” com os ensaios de “Bonnie e Clyde”?


MG: Não vou dizer "tranquilo" por que sou mãe: meu filho tem um ano e conciliar tudo isso: coisas da casa, vida, filho, "Bonnie e Clyde", "Anexins" a gente vê que a gente consegue dar conta. Uma coisa que a maternidade me mostrou foi que eu dou conta de mais coisas que eu imaginava, que eu tenho energia e mais força para trabalhar por conta do meu filho, por querer poder proporcionar coisas melhores pra ele.


É importante ir trabalhar, parece que a criatividade se aguça e os trabalhos conversam entre si… Eu vejo algo que uma colega de elenco fez no ensaio do "Bonnie e Clyde" e eu empresto isso pra Inês no "Anexins" e vice versa.


Além de seu trabalho nos palcos, você também está a frente da Casa Henriqueta. De onde surgiu esse projeto e qual a principal missão dele?


MG: A ideia da Casa Henriqueta saiu através de um projeto que eu faço, que são as Sexagenárias, onde eu dou aulas de dança para mulheres acima de 60 anos. Esse projeto surgiu por conta da minha mãe: na época ela estava pra fazer 60 anos e decidimos fazer uma festa de aniversário e incentivei pra ela dançar com as amigas: a gente ficava brincando que ela ia agora se tornar "sexy"/sexagenária e daí surgiu a ideia de fazer uma dança sexy com as amigas dela durante a festa como uma brincadeira, algo de super bom gosto. E aí começamos a montar essa coreografia, ter ensaios propriamente ditos. Depois da festa da minha mãe, essas amigas quiseram continuar a fazer as aulas, elas começaram a chamar outras amigas e aí eu comecei a dar as aulas nesse espaço que era a casa da minha vó Henriqueta. Por isso o nome, além de propor esse trocadilho com o "inquietação", de não querer ficar parado.

Comecei então com as aulas lá nesse espaço, apenas com as sexagenárias e na medida que foi crescendo e mais gente chegando, decidimos transformar esse espaço e adaptar essa casa e então, mais gente começou a chegar. Hoje o Marcel (Octávio) -meu marido- dá aula de canto lá, temos aula de crochê e amigurumi, a gente promove encontros de mulheres e temos por lá um jardim maravilhosa com horta e tudo mais. A missão da nossa Casa é desenvolvimento pessoal através de atividades artísticas e relações interpessoais. A gente gosta de integrar essas atividades com o contato com a natureza.

Eu quis muito manter esse clima de "casa de vó" e todas as atividades acabam tendo um cafézinho, um chá, um bolo. Elas não vem só fazer aula de dança, elas vem passar o dia comigo: elas chegam antes, a gente conversa e depois tem o momento da aula, e continua a conversa depois. É um espaço que eu sinto que é pra isso, ele é muito focado em mulheres, eu acredito que juntas, nós podemos potencializar umas as outras em vários âmbitos da nossa vida, trabalho; então ali acaba sendo um espaço de compartilhar e uma acaba agregando a vida da outra.

Eu sou apaixonada pela Casa Henriqueta e estamos crescendo cada vez mais, a passos curtos. A gente não tem pretensão de crescer loucamente e que seja um lugar com atividade o tempo inteiro. É tudo com respeito, levando em conta o bairro que a gente está, as pessoas que estão envolvidas no projeto. As aulas não seguidas uma da outra porque aí a pessoa não teria o tempo de convívio. A gente já tem uma vida corrida e eu sinto que a Casa é um lugar de refúgio. Ali é um lugar pra respirar, entrar tirar o sapato e pisar na grama, tomar uma cafezinho e então fazer a aula. Eu AMO a Casa Henriqueta!



Você está num processo intenso de ensaios para uma nova estreia: O que o público pode esperar de “Bonnie e Clyde”?


MG: O público pode esperar de tudo nessa peça. É uma trama de suspense e ação que tem humor, drama e que com certeza você vai se emocionar. Ela traz uma reflexão sobre o que as pessoas são capazes de fazer para melhorar de vida, então ela é uma peça muito rica e que traz esse questionamento importante e que é universal: Até aonde eu vou, o que é preciso fazer para você para você seguir com seus sonhos e aspirações.


Por fim, quais as expectativas de vocês para o público mineiro?


MG: As expectativas são as melhores. Eu já fiz alguns espetáculos em Belo Horizonte e eu sempre fui bem recebida. É um público muito receptivo, que se diverte, curte e se entrega. Eu espero que o público mineiro se divirta e consiga trocar experiências com a gente. Vou também aproveitar para passear: Já estou com minha programação do turismo feita e depois, peça de noite.


Pergunta bônus: Qual o anexim que não sai da sua ponta da língua? 😂


MG: Tem um que eu aprendi em Fortaleza e eu nunca tinha ouvido "O que ontem era condenável, hoje é tristemente intangível". É isso, eu uso esse anexim pra minha vida.


bottom of page