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Entrevista com Jonathan Faria



O ator Jonathan Faria atualmente integra o elenco do musical "Morte e Vida Severina", em cartaz no Teatro Tuca, em São Paulo. Natural de Taubaté, é formado pela Escola de Arte Dramática, da USP. Também é dublador, ilustrador, educador e, desde 2011, apresenta o programa Quintal da Cultura, na TV Cultura.


Na montagem de Morte e Vida Severina, Jonathan da vida ao Mestre Carpina, personagem que salva a vida de Severino. Conversamos com o ator para saber mais sobre o novo trabalho, confira:


Conta pra gente como o Teatro Musical entrou na sua vida?

O teatro musical entrou em minha vida de forma muito casual. Eu estudei atuação na Escola de Arte Dramática da USP, e lá tivemos uma preparação básica de canto para o ator, mas o fenômeno dos musicais, como vivemos hoje, ainda não existia. Daí, como espetáculo de formatura eu podia escolher entre participar de uma montagem na própria escola ou em alguma montagem externa à escola: foi quando fui selecionado para a primeira da turma do Núcleo Experimental do Sesi (FIESP), em que montamos o espetáculo Motorboy, de Aimar Labaki, com direção da Debora Dubois – que não era um musical mas que tinha momentos musicais. E no elenco estava Amanda Acosta, com a qual cantávamos; foi aí que descobri que eu podia cantar em cena.

Conta pra gente também um pouco sobre os musicais que você já fez ao longo da sua carreira.

O meu primeiro musical foi Grease, o musical, com direção de Cristina Trevisan, que entrei para substituir um dos atores numa turnê. Depois, fui selecionado para a primeira montagem do musical off-broadway Naked Boys Singing Brasil, com direção de Zé Henrique de Paula e Fernanda Maia – foi minha verdadeira escola musical porque éramos 10 homens cantando (pelados) as linhas mais variadas e, junto a tudo isso, tínhamos que dançar as coreografias complexas da incrível Kátia Barros. Depois fiz o infantil Amídalas, de Marilia Toledo e Rodrigo Castilho com direção de Kleber Montanheiro e musicas de Chico Cesar. Em seguida, junto a Cia de Teatro Rock, fiz Re-Evolução Urbana, a lenda do Rock de Brasilia, de Marcos Ferraz. Depois, com direção de Roberto Lage e à convite da produtora Cintia Abravanel estive em A Flauta Mágica. Mais tarde escrevi e produzi junto com a atriz Cristiane Credídio o pocket show cômico musical É o que tem pra hoje, com músicas que embalaram os anos 80. Fui convidado para o musical infantil Ciranda das Flores, de Fábio Brandi Torres, e depois para Chovendo na Roseira, de Fernanda Maia com músicas de Tom Jobim, Jackson do Pandeiro, Djavan e outros. Tive o privilegio de estar em Urinal, o musical, com direção de Zé Henrique de Paula e Fernanda Maia, participando de duas temporadas. Recentemente, a convite do diretor Bernardo Berro, estive como ator convidado do musical infanto-juvenil Cadê a Criança que tava Aqui, no teatro Alfa. E, por último, em 2022, após audição, fui selecionado para viver o mestre Carpina na atual montagem de Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, com direção de Elias Andreato, direção musical de Marco França e produção da Morente Forte.

Jonathan, você interpreta o Mestre Carpina, explica pra gente quem é o seu personagem?

Mestre Carpina é um dos personagens deste auto de natal Pernambucano, que simboliza José, o pai do menino Jesus. É ele quem muda o rumo da história que vem sendo percorrida pelo Severino retirante. Suas palavras trazem reflexão não só para o protagonista Severino mas, também, para todos e todas: atores, atrizes e plateia.


“Morte e Vida Severina” está retornando ao Teatro Tuca, depois da estreia em 1965, e o que há de novo nessa nova versão?

Na minha visão o que há de novo nesta montagem está simplesmente no fato de termos o personagem protagonista vivido por um nordestino, o Dudu Galvão, além de outros artistas também do nordeste. Isso faz com que o espetáculo tenha uma sonoridade, uma presença, um tempero diferente. É o nordestino tomando o centro do palco! É muito bom, enquanto ator, estar em cena com pessoas de cultura e sotaques tão característicos e, mais importante ainda, é vê-los podendo falar com sua musicalidade natural, sem necessidade de “neutralizar” nada.

Como é ter a chance de fazer um espetáculo 100% brasileiro e cantar músicas de Chico Buarque?

Dos musicais que tive a oportunidade de fazer, a maioria é criação brasileira. Eu prefiro porque me sinto em casa. Morte e Vida Severina, é o meu balão de oxigênio, depois de dois anos inteiros quarentenado dentro de casa. Este poema para mim, neste momento, é uma metáfora de muitos dos meus sentimentos e das minhas sensações. As músicas do Chico, são difíceis, porém estão no meu dna brasileiro – a embocadura, a sonoridade, as rimas, por mais difíceis que pareçam ser, ainda assim me pertencem de alguma maneira.

Por que todos devem ir assistir Morte e Vida Severina?

Todos devem assistir ao espetáculo: primeiro, porque é um clássico de João Cabral de Melo Neto; segundo, porque precisamos conhecer cada vez mais o nosso jeito brasileiro de fazer musicais; terceiro, porque o tema do retirante (nordestino ou de outras regiões) continua atual e, talvez, ainda mais cruel, e precisamos falar disso; quarto, porque é hora de voltar ao teatro; quinto, porque a direção musical do Marco França está a altura da criação de Chico Buarque – tá lindo de ouvir; sexto, porque é uma oportunidade de conferir o último cenário criado pelo saudoso Elifas Andreato; sétimo, porque a direção generosa do Elias Andreato valoriza cada palavra do poema; e oitavo, porque, modéstia a parte, o elenco, composto por migrantes de variadas regiões do País, canta e diz com propriedade este auto de natal Pernambucano, espetáculo produzido com maestria pelas meninas da Morente Forte.


Serviço:

“Morte e Vida Severina”

TEMPORADA ATÉ 26 DE JUNHO

Teatro TUCA (670 lugares) - Rua Monte Alegre 1024, Perdizes, São Paulo

Sexta e sábado, às 21h e domingo, às 19h

Ingressos: Sexta-feira R$80,00 | Sábado e domingo R$100,00

Ou nas bilheterias do TUCA.

Todas as últimas sextas-feiras haverá sessão de Libras.


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