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Entrevista: Rodrigo Alfer fala sobre Naked Boys Singing


Após dezesseis anos de sua primeira montagem no Brasil, o espetáculo "Naked Boys Singing" retorna aos palcos da capital paulista, dessa vez pelas mãos do ator, cantor, dramaturgo e produtor Rodrigo Alfer. Conversamos com ele para saber um pouco mais sobre a nova produção, confira:

1. Como você conheceu o espetáculo?

Em 2002 um amigo que voltou de NY, disse que havia um musical off-Broadway só com homens cantores pelados. Ele me trouxe o CD de presente e me apaixonei pelas músicas.

2. Porque resolveu montar aqui no Brasil?

Produzir NBS não estava nos meus planos, mas aconteceu, foi um presente. Passei 2019 inteiro correndo atrás de patrocínio através do PROAC ICMS, e por 1 décimo não entramos no PROAC Editais, para um musical autoral brasileiro chamado 'Caso Entendido' com músicas da MPB de cunho homoafetivo. Foi um ano de nãos e nãos pra muita gente da cultura. Ninguém quer apoiar musicais assim, mesmo com leis de incentivo aprovadas. Por que será? Ainda no fim de Outubro, quando veio a inquietação, a Lei Rouanet estava naquele patamar risível, então pensei, vou montar um espetáculo sem cenário e figurinos. Me lembrei do 'Naked Boys Singing!' e fui atrás.

3. Considerando que o nudismo ainda é um tabu para a sociedade, mesmo sem envolver qualquer relação com pornografia, como você vê o desafio de produzir um espetáculo como esse?

Voltamos algumas casinhas no sentido da liberdade individual, já o conservadorismo hipócrita avançou algumas. Estar nu no palco em 2020, num musical, pode sim ser considerado um protesto e resistência. Nós que tivemos Dzi Croquettes e o Teatro de Arena que tantas portas nos abriram, chega a ser ridículo ainda hoje haver tantas questões com o corpo na arte. Fora que sem os 'milhões' é muito difícil você encontrar espaço. Mas a gente faz o que? Só lamenta ou vai pra luta. Preferi a segunda opção e buscar nosso caminho. Algumas parcerias já apareceram como a da Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil, o do multi André Fischer do Centro Cultural LGBT, só gratidão. Seguiremos!

4. Sobre o elenco, você já pode revelar alguma coisa ou será totalmente escolhido através das audições?

Estamos extremamente felizes. Foram mais de 300 currículos de artistas do Brasil inteiro. Fizemos uma pré-seleção e confesso que já estou tendo pesadelos, no ótimo sentido, pois daria pra se formar três elencos brilhantes. É muita gente profissional nos abraçando. Mas uma coisa que preciso salientar, existe uma equipe criativa talentosíssima comigo, que juntos, montaremos o quebra cabeça nas audições. São eles: Ettore Veríssimo (Sr. Barriga em Chaves o musical) que fará a direção musical, Alex Martins coreógrafo, Bailarino, professor de dança e que faz parte da conceituada Cia Omstrab de dança, um grupo só de homens, que trabalha o corpo masculino há mais de vinte anos e que já se apresentou em diversos países do mundo. Além do preparador de ator Jonathan Faria, que inclusive fez parte do elenco brasileiro de Naked Boys Singing em 2003. E meu parceiro na vida é nas artes, o produtor Marco Alexandre de Marco. Todos por Naked Boys Singing Brasil 2020.

5. O espetáculo já teve uma montagem brasileira há alguns anos, dirigida por Zé Henrique de Paula. O que a sua montagem trás de novo para a peça?

Tenho uma profunda admiração pela dupla Zé Henrique & Fernanda Maia e eles sabem disso. Será minha primeira direção Off-Broadway profissional, e sei que é uma responsabilidade. Mas procuro não pensar nisso, só penso em fazer um bom trabalho, da maneira mais honesta e verdadeira possível. NBSBrasil 2020 será diferente pelo simples fato de sermos artistas diferentes. A versão para o Português será assinada pelo brilhante Rafael Oliveira (The Last Five Years e Heathers o musical), com piadas atualizadas para o novo contexto social. Duas músicas novas foram compostas por Robert Schrock. Os atores serão diferentes. Os tempos são outros. E isso é o barato do teatro.

É inevitável, os 'revivals' serão cada vez mais frequentes no Brasil.

6. O que o público pode esperar de Naked Boys Singing?

Um musical pra cima, leve, divertido, feito com muita garra e paixão. Só não esperem coisas como: 234 trocas de roupas, 543 perucas, lustre caindo e gente voando com vassoura na mão. Não que eu não adore tudo isso, porém, nossos atrativos serão outros!

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