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Precisamos Falar de Cats


É compreensível se você for mais um dos haters de Cats, que acha esse espetáculo um desperdício do budget da Universal, que deveria ser bem gasto da produção do filme de Wicked, ou não entende como um musical sobre felinos conseguiu ficar tantos anos em cartaz no circuito Broadway. Mas precisamos concordar que esse espetáculo merece um pouquinho da nossa atenção nesse momento, não só pelo filme que logo chega aos cinemas, mas também por estarmos bem próximo de completar 10 anos da montagem brasileira.


O musical que ficou um bom tempo como segundo a mais tempo em cartaz na Broadway, perdendo apenas para O Fantasma da Ópera, ultrapassado por Chicago, chegou aos palcos brasileiros no primeiro semestre 2010, em um momento em que finalmente o nosso teatro musical era alavancado. Passando de duas ou três grandes produções do gênero por ano, para um número realmente expressivo, expandindo a formação de profissionais especializados nessa forma de arte.


O elenco brasileiro contou com grandes nomes, como Saulo Vasconcelos, Sara Sarres, e muitos dos ídolos do nosso teatro musical ainda eram meros desconhecidos, apostando em seguir seus sonhos, como Fabi Bang, Cleto Baccic, que estava em seu primeiro musical, Julio Assad e Leo Wagner.


A verdade é que trazer esse espetáculo para o Brasil representou uma vitória para o nosso teatro musical, provando que tínhamos crescido tanto, em termos de profissionalização, que seria possível a realização de Cats aqui. Muito se falava, na época, que o país não tinha recebido esse espetáculo antes, pois se acreditava que até então não existia material humano preparado para encarar esse musical, poder montar Cats aqui foi compreender que finalmente tínhamos um número grande profissionais que estavam prontos para cantar e dançar tudo o que esse musical exige.


Esse espetáculo apresenta divertidos personagens que formam os Jellicles Cats, um grupo de gatos de se reúnem uma vez ao ano para decidir qual será escolhido para ir para uma espécie de paraíso. Diferente do que estamos acostumados com musicais, a proposta de Cats não é trazer uma dramaturgia muito forte, e sim encantar o público com suas coreografias incríveis e seu score impecável, como todos os trabalhos de seu compositor, Andrew Lloyd Webber.


Dito isso, é compreensível que o espetáculo seja muito mais palatável em uma experiência ao vivo, onde podemos desfrutar o ouro dessa obra, sendo contagiado pela energia do elenco. Os sortudos que tiveram a oportunidade de ver esse musical ao vivo, podem comprovar que esse abismo entre o ao vivo e uma gravação, para Cats, é muito maior do que para outros musicais, como um Fantasma da Ópera, por exemplo.


Dai entramos no mérito do filme que está previsto para estrear dia 25 de dezembro. Se a graça de Cats é ver ao vivo, será que vale mesmo a pena a Universal investir em um filme que não tem um grande enredo?


Ainda é muito cedo para responder essa pergunta, mas o que eu posso garantir é que o que está indo para as telonas não é a mesma coisa que vimos até hoje nos palcos. Fazendo uma pequena análise do segundo trailer disponível, o que mais agradou até agora, podemos ver é todo recheado por falar, e em nenhum momento aparece nenhum dos personagens cantando, quem conhece o musical sabe que ele não possui praticamente fala nenhuma, é todo cantado. Isso me faz acreditar que é um indício de grandes adaptações no roteiro, como ocorre em toda adaptação de musical para o cinema, sim, mas dessa vez, aparentam ser mudanças mais profundas.


Mas por incrível que pareça, a maior crítica gerada pelo grande público até agora não é em relação a ficar duas horas e meia no cinema vendo gatos cantarem, e sim pelos efeitos, “um CGI bem mal feito”. Em relação a isso, posso não ter muita propriedade para argumentar, mas vou deixar um vídeo que explica bem o que é o provável motivo da nossa estranheza com essas figuras.


Só posso completar esse texto falando que espero você para assistir o filme de Cats nos cinemas, que estreia dia 25 de dezembro. Para que possamos depois disso, então, chegar a conclusões, ou não, ter mais coisas para discutirmos sobre esse filme.

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