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André Borelli conversa sobre filme musical O Poço


Felizmente, o Teatro Musical no Brasil tem se estabilizado e veio pra ficar! Para os fãs do gênero, não faltam boas opções em cartaz nos principais teatros do eixo Rio-SP e até mesmo, turnês recorrentes por diversas cidades por todo território nacional. No entanto, o cinema musical ainda está dando pequenos passos como o filme independente “O Poço”. Comandado por André Borelli, o projeto almeja alcançar festivais de grande notoriedade e trata de uma temática super interessante.

O Backstage Musical conversou com o autor e diretor sobre esse mercado e os planos para “O Poço”. Confira a seguir


André, conta pra gente um pouco da sua carreira com o cinema.

Sou formado em Rádio e TV, mas, como ator, estive, desde cedo, mais próximo ao fazer teatral. Depois que me especializei em direção teatral em 2015, fundei a cia Gruparteiro de Teatro para desenvolver meus textos teatrais e continuar a linha de pesquisa que foquei na pós-graduação, de Stanislavski a Grotowski. Sempre, no entanto, tive enorme prazer e curiosidade pelo Cinema, mas como espectador, no caso. Foi apenas ano passado (2018) que decidi me aventurar na área, dirigindo e produzindo meu primeiro longa-metragem, "Quase Livres", que tem première dia 30 de julho deste ano na Cinesala e já conta com 08 prêmios internacionais. Desde então o meu gosto e curiosidade pela arte cinematográfica tem crescido cada vez mais.


Como surgiu o projeto de “O POÇO”?

“O Poço" começou como um espetáculo de teatro musical. Fizemos uma curta temporada no Viga Espaço Cênico em 2017 (São Paulo/SP), que foi muito interessante e importante para que eu pudesse ter uma devolutiva sobre a obra. Não fizemos, contudo, outras temporadas, pois - na minha ânsia de artista independente (rs) - já quis partir para novos textos, novos projetos... Foi apenas neste ano que, com vontade de explorar o gênero musical no cinema e vendo potencial temático da mesma nos dias atuais, eu reli a obra e a adaptei para a telona.


Conte pra gente um pouco da história de “O POÇO”, o que o público pode esperar desse filme?

O filme é uma jornada de salvação. Agora, salvação do que ou de quem? Eis a questão! Em "O Poço", vemos uma garota que, ao acordar, percebe-se num lugar estranho, sem ciência de sua própria identidade. Todos ali, no entanto, comemoram a sua chegada, identificando-a como a sua salvadora, aquela que os levará para a Luz. E é, a partir daí, que toda a trama se desenvolve. Por trás desta história - bastante fantasiosa, de fato - há um tema de grande importância nos indivíduos imersos nesta nossa contemporaneidade líquida. Como estamos lidando com nós mesmos? A enorme crescente nos casos de depressão no mundo todo (cerca de 322 milhões de pessoas, segundo dados recentes da OMS) mostram que o panorama merece discussão. O público, portanto, pode esperar refletir e sentir. Nada menos do que isso.


No teatro musical, o Brasil já está bem estabelecido. Quais são as expectativas ao se levantar um projeto de cinema musical?

As expectativas são as mesmas de se levantar qualquer projeto artístico. É pessoal e universal ao mesmo tempo. Como artistas queremos dar voz às nossas dores, sensações e tudo aquilo que nos faz humanos. Seja fazendo uma peça na Roosevelt, seja estrelando em Cannes, a motivação é a mesma. Deve ser a mesma. Se não for, desculpa, mas tem alguma coisa muito errada.


E quais os principais desafios do projeto?

Dinheiro (rs). Brincadeiras à parte, levantar um projeto totalmente independente, ainda mais no cinema, não é fácil. Quando falamos de filmes independentes lá fora, estamos falando de - no mínimo dos que já vi - 50 mil dólares. Outros muito mais do que isso! Equipamento, alimentação, transporte, locação, estúdio, ilha de edição... Tudo é muito caro. Para "O Poço" nossa verba é de 15 mil REAIS. A conta fecha? Não. Mas é aí que a criatividade aparece com mais força. Conto com artistas parceiros que acreditam no projeto tanto quanto eu. Isto basta para se criar. Se conseguimos fazer isso, conseguimos qualquer coisa.


Quem são os nomes envolvidos no projeto? Teremos composições originais?

Contamos com a Aline Serra no papel da protagonista Bo (e ela foi escolhida bem antes de ter entrado e vencido o reality show "Cultura, O Musical", pois adoro seu perfil e queria que a figura central da obra tivesse a "brasilidade" que ela tem), Gustavo Ceccarelli (atualmente no elenco de "O Fantasma da Ópera" no Teatro Renault), Julia Rosa e Pablo Diego Garcia (ambos do elenco original da versão de teatro musical da obra), além de Larissa Furtado, Lucas Bamonte, Marcela Gibo e Tiago Prates. As músicas são todas originais, compostas pelo meu grande parceiro de projetos e compositor, Vitor Moutte. As letras são minhas, com contribuições dele.

No cinema, o gênero musical tem se reerguido com algumas produções recentes. Vocês miram no “Sundance”, o maior festival de cinema independente: Porque a decisão de um filme musical? Vejo em Sundance um leque maior de gêneros e formatos. Inclusive há nele uma categoria chamada NEXT, aberta para novas visões de fazer cinema. Fora isso, de todos os últimos ganhadores, sempre foram privilegiadas as temáticas mais contemporâneas, aquelas mais em pauta nos nossos dias. Nesse ponto, creio que nossa discussão é bastante atual e relevante, além de somar a ela uma nova forma de explorar o gênero musical no cinema. Por fim, guardamos uma surpresa no formato do nosso filme. Temos certeza que será diferente de tudo o que já viram.


Temos em “O POÇO” a temática da depressão. Qual a importância da arte em tratar temas como esse?

A importância da arte em existir, em fazer pensar e sentir, independentemente do tema e de como ela o aborda. É o que nos conecta como seres humanos, o que nos identifica e nos constitui. No dia em que ela for esquecida, teremos esquecido de como é viver.


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