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As Mil Faces de We Will Rock You


‘We Will Rock You’ é o novo sucesso que estreou recentemente em São Paulo. Como é possível imaginar pelo título, musical leva músicas da banda Queen para os palcos, numa combinação perfeita de show de rock com peça teatral. Com um repertório tão imenso, sempre fica a desejar algum sucesso da banda. Para tentar suprir a falta de algumas músicas, o texto sofre alterações constantes, de montagem para montagem, adicionando algumas músicas inéditas e outras às vezes retiradas.

Começando com ‘You're My Best Friend’, houve duas tentativas de colocar a música no espetáculo, ambas cantadas pelos protagonistas Galileo e Scaramouche. A primeira foi na produção de Las Vegas, onde foi usada no segundo ato para substituir ‘Who Wants To Live Forever’. Posteriormente, a música foi usada no tour norte-americano, sendo encaixada entre ‘I Want It All’ e ‘Headlong’, quando o casal ainda está se conhecendo.

Uma alteração, presente em diversas montagens, mas não muito significativa foi a troca de ‘Play The Game’ por ‘Now I'm Here’, que ocorreu na turnê australiana, na produção canadense e na turnê norte-americana. Ambas as músicas trazem significados muito próximos para a cena, não representando nenhuma grande mudança no contexto do espetáculo, apenas mostrando um lado mais temido da vilã Killer Queen, diferente da versão original, onde ela busca passar uma imagem de uma líder amada, por mais manipuladora que fosse.

‘Fat Bottomed Girls’ foi a grande dúvida do espetáculo: a música é completamente jogada no meio do enredo, não adicionando em nada na história, muito pelo contrário, se analisarmos com cuidado, facilmente se encontra vários furos na forma que ela foi colocada. Nas primeiras previews a música, já cantada pela Killer Queen, tinha uma concepção totalmente diferente: a personagem cantava durante um banho, vestida de rosa, com bolhas de sabão encima de uma gigantesca escadaria montada no palco. Logo a música foi removida do espetáculo, ficando apenas sua introdução, num visual próximo ao que conhecemos hoje. Não querendo desistir da música, ela foi novamente testada em outros países, sempre obtendo um bom resultado, uma boa resposta dos países. Consequentemente, mais tarde música foi adicionada à montagem londrina e ao repertório oficial do espetáculo, como é conhecida atualmente.

A montagem brasileira também guardou suas surpresas para quem conhece a montagem original: é que entre ‘Fat Bottomed Girls’ e ‘Another One Bites The Dust’ existe a expectativa de que Killer Queen cante o início de ‘Don't Stop Me Now’, mas exclusivamente nessa produção a música foi cortada. A brincadeira na cena original é clara: Killer Queen, comemorando pede: "Não me pare agora", mas Khashoggi vê a necessidade de interromper a música, em seu ponto alto. A equipe criativa não disse o porque do corte de uma das músicas mais emblemáticas da banda.

Curiosamente, uma única plateia teve o privilégio de assistir à Mazz Murray, que fazia Killer Queen na época, cantar ‘Don't Stop Me Now’ completa, na comemoração de seis anos do musical em Londres, com a participação de Brian May. Após Khashoggi interromper a música, KQ reclama: "Você que não me deixou terminar, você nunca me deixa terminar, por seis longos anos, noite após noite, semana após semana, ano após ano. Bom, hoje eu vou terminar!"

Ainda tratando da montagem brasileira, a música ‘Love of My Life’ é inédita para essa produção, colocada como um momento de reconciliação de Galileo com Scaramouche, adicionada provavelmente pelo sucesso que fez na apresentação do Rock in Rio no ano passado. Mas essa não foi a primeira tentativa de colocar ela no musical: Nas primeiras versões do texto, a música aparecia no segundo ato, cantada por Scaramouche, ao descobrir que Galileo teve uma relação com Meat (Oz na versão brasileira). Felizmente ou infelizmente, essa versão nunca chegou a ser apresentada, ficando apenas no papel.

‘The Show Must Go On’, do álbum Innuendo, não fez parte do repertório oficial de nenhuma produção, mas não foi esquecida, é utilizada como um coringa em apresentações especiais, como noites de estreia, de encerramento da temporada, aniversários de membros do elenco ou da banda. A música acaba sendo apresentada ao final do espetáculo, logo após ‘Bohemian Rapsody’, sendo que em muitas vezes contou com a participação de Roger Taylor e Brian May.

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