Em 1987, Noviças Rebeldes estreou no Rio de Janeiro. Estreou no extinto Teatro da Lagoa, e com um elenco invejável, que contava com Fafy Siqueira, Regina Restelli, Cininha de Paula, Rosa Maria e Sylvia Massari. Foi sucesso, moderno para a linguagem da época no teatro musical. Após isso, em 1983, ganhou destaque num elenco formado precisamente por homens, atores da Cia Baiana de Patifaria (com a qual me lembro do comercial na tv, com uma canção chiclete). Agora, elas voltam para o Rio de Janeiro.
Voltaram, e voltaram atualizadas. O texto precisou ser mexido, as músicas ganharam arranjos mais dinâmicos, e claro, o elenco também mudou. Wolf Maya traz as freiras mais rebeldes do mundo, em um show musical que mistura humor, monólogos, e histórias que poderiam se tornar polêmicas aos politicamente corretos, mas que destilam suavidade de quem sabe fazer humor sem ofender.
A trama mostra o impasse entre cinco freiras do convento, que precisam se virar para enterrar as freiras que morreram de botulismo, após consumirem alimentos estragados no antigo convento qual faziam parte. Porém, o dinheiro está escasso, pois a Madre Superiora (Soraya Ravenle, sensacioal) comprou um novo celular, e se rendeu aos encantos das tecnologias, desfalcando os fundos. Agora, a solução para reaver esse dinheiro, e poder enterrar todas as freiras e não só parte delas, é na montagem de um show de talentos. E nessa montagem, é que elas (e a história) vão se desenvolvendo. Mostrando que apesar de mulheres "santa", elas também possuem defeitos e características mundanas, por que não dizer, humanas!
A trama em si é bem simples. Os números musicas tem durações longas, o que movimenta boa parte da história ao som de músicas bem divertidas. Quando parte-se para os diálogos, há uma queda no ritmo, mas o elenco se segura bem em seus papéis. Não há uma freira protagonista. Todas parecem possuir o mesmo tempo de cena, o mesmo foco. Se Soraya Ravenle brilha com sua Madre Superiora, principalmente em uma crise da personagem, onde a atriz pode mostrar sua desenvoltura musical e corporal, Maurício Xavier, o único homem do elenco, faz de sua Madre um poço de delicadeza, até mesmo nos trejeitos e vozes, nunca parecendo um gay, e sim, uma mulher de feições brutas. Contrabalaceando, já com seu humor mais rasgado e voz marcante, vem Helga Nemeczyk, a "substituta" que não consegue uma vaga no tal show, e tenta com toda sua força convencer a superiora de seus talentos. Helga, aliás, faz imitações, dança, canta em momentos de drama e comédia, e ainda ensaia um striptease comportado. Mas a cereja do bolo, quem realmente segura as pontas quando o ritmo esfria, é Sabrina Korgut, e sua Irmã Amnésia.
Vinda de produções como "Miss Saigon" e "Avenida Q", Korgut é a irmã que mais interage com a platéia, e faz isso de maneira espetacular. Ela improvisa, ela brinca, e como sua personagem é uma pessoa que não lembra seu passado, e se comporta como uma bobalhona, é fácil criar simpatia por ela. Além de cantar e dançar, a irmã ainda controla uma boneca desbocada, a Irmã Maria Anete, que seria personagem na sua parte do show, mas seu palavreado não é aceito pela superiora. Sabrina é quem acaba roubando a cena nas vezes em que aparece, mas nunca apagando suas companheiras de palco. Porém, improviso hoje em dia é tudo.
"As Noviças Rebeldes - O Musical" chegou ao Rio no dia 13 de março, e ficará até 10 de maio.
SERVIÇO: AS NOVIÇAS REBELDES: O MUSICAL Theatro Net Rio | Sala Tereza Rachel (Rua Siqueira Campos, 143- Copacabana) Sex 21h | Sáb 21h30 | Dom 20h* Preços: Plateia e frisas: R$ 150 | Balcão 01: R$ 100 | Balcão 02: R$ 50 Até 10 de maio.