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A Dança dos Vampiros

Por Igor de Azevedo

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“Tanz Der Vampire”, conhecido no Brasil como “A Dança Dos Vampiros”, é um musical alemão de 1997, baseado no filme homônimo de Roman Polanski, que também originalmente dirigiu a peça. O filme, estrelado pelo próprio (Alfred) e sua futura esposa, Sharon Tate (Sarah), é um grande ícone cult da cultura pop underground. Trata-se de uma paródia de todos os clichês de filmes de vampiros dos anos 50/60, um pouco como os primórdios da série Todo Mundo Em Pânico.

No começo dos anos 90, foi colocada em pauta uma possibilidade de adaptação do filme para os palcos, usando o gênero que mais fazia sucesso na época: o de teatro musical, popularizado por recentes grandes sucessos como Les Misérables ou ainda The Phantom of the Opera. Para a tarefa de musicalizar a história, foi chamado o metaleiro Jim Steinman. Este, ao receber tamanha tarefa, teve um pensamento inusitado: o de “reciclar” músicas que ele já havia composto previamente, e trabalhar em cima delas para que pudessem funcionar dentro do contexto da peça. Entre as músicas recicladas, a mais conhecida é sem dúvida “Total Eclipse of the Heart” (de Bonnie Tyler), que foi gravada duas vezes em português como “Total Escuridão”. Não podemos deixar de citar também as famosas “Seize The Night” (Meatloaf) e “Original Sin” (Pandora’s Box), entre inúmeras outras.

A história é simples, mas recheada de um humor negro delicioso. O professor Abronsius e seu assistente, Alfred, ambos caçadores de vampiros, partem em busca destes no lugar menos improvável do mundo: a Transilvânia. Ao se perderem no meio na neve, acabam em uma hospedaria gerenciada por Chagal e sua esposa Rebecca, que são perfeitos Thénardiers. Alfred imediatamente se apaixona pela filha deles, Sarah (também uma perfeita Christine), que retribui o inocente amor adolescente. Apesar das tentativas forçadas dos camponeses de esconder isso aos novos hóspedes, há um castelo pela região, no qual habita o vampiro Conde Krolock (o perfeito Drácula), que deseja Sarah, e após assombrar seus pesadelos por muitos anos, decide enfim aparecer em pessoa e lhe chamar para “o baile” que acontece anualmente em seu castelo. Mal sabe Sarah que ela é chamada não para participar do banquete, mas sim para ser este. Ela decide fugir de casa, não sem antes comentar com Alfred os seus planos (o famoso dueto “A Liberdade”).

Sarah foge sem Alfred, o que acaba o conduzindo, junto com o Professor, ao castelo para salvá-la das garras de Krolock. Entre sequências memoráveis como o pesadelo de Alfred, ou ainda o levantar dos mortos-vivos no cemitério, o enredo supostamente leva a um desfecho clichê, porém há uma reviravolta totalmente inesperada nos últimos 5 minutos, traindo nossas expectativas e nos conduzindo para um final bárbaro e épico.

O musical, de estrondoso sucesso na Europa, teve uma montagem na Broadway em 2003. Infelizmente, por questões legais, os responsáveis não puderam comparecer para dirigir a produção. Era questão de tempo até isso acabar em más mãos. Dito e feito, Michael Crawford acabou sendo o produtor-diretor-ator principal que tinha liberdade total e absoluta na obra. Obviamente, o resultado final muito pouco tem a ver com a peça original: somente e tão somente uma cena de Tanz Der Vampire foi conservada em sua integridade. Entre uma infinidade de problemas e um trabalho um tanto quanto porco no geral, Dance Of The Vampires foi um dos maiores flops da história da Broadway: fechou após 56 apresentações, custando 12 milhões de dólares. Segundo Michael Crawford, um dos maiores culpados da tragédia, “um musical gótico inteiramente cantado e sério não funcionaria na Broadway”. Queiram por favor notar que estamos falando do homem que deu vida ao personagem-título de O Fantasma da Ópera. Sim.

Só nos resta esperar que Tanz Der Vampire finalmente desperte interesse em produtores brasileiros, passe de ser simples demos gravadas por grandes nomes vazadas pela internet, e que o show seja trazido para cá na sua concepção original, ou o mais próximo disso. Afinal, não só de Broadway viverá o teatro musical.

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