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Entrevista com Gerson Steves


Gerson Steves é publicitário, jornalista, ator, tradutor, dramaturgo e autor do livro "A Broadway Não é Aqui".

Cinco anos após o lançamento da primeira edição, Gerson preparou uma versão totalmente nova de sua obra e conversou com o Backstage Musical para falar um pouco sobre o novo conteúdo, confira a entrevista:

1- O que te levou a produzir uma segunda edição do livro? Por se tratar de um panorama de produção e mercado, o livro já se encontrava defasado em alguns aspectos - especialmente com relação às mudanças de política cultural do Brasil nos últimos anos, a partir do Golpe que conduziu à ascensão do bolsonarismo e à demonização de artistas, profissionais da cultura e, claro, a Lei Rouanet.

Diante de tudo isso, era urgente uma segunda edição revisada e atualizada da obra, que havia sido lançada em 2015.

2- Quais novidades os leitores podem esperar nessa segunda edição? Além de uma atualização do ponto de vista dos movimentos políticos dos últimos cinco anos e seu impacto na cultura e na produção teatral - em especial no Teatro Musical - o livro traz um olhar mais crítico sobre alguns fatores determinantes na nossa recente produção (em especial no eixo RJ-SP). Por exemplo, a tão esperada e necessária presença do protagonismo negro em cena (em musicais como "Cartola", "Dona Ivone Lara", "Elza", "A Cor Púrpura" e "Se Essa Lua Fosse Minha"). Outro tema focado é a evolução temática e estética do musical original brasileiro em obras como "Bilac Vê Estrelas", "Lembro Todo Dia de Você" e "Conserto Para Dois" (ainda parcialmente inédito ao grande público brasileiro).

E, por falar em ineditismo, a nova edição traz alguns depoimentos inéditos e exclusivos feitos a mim por artistas como Rachel Rippani, Miguel Falabella e Cláudia Raia. Um prato cheio para os fãs.

3- O livro contém depoimentos de grandes artistas do teatro musical brasileiro, como Claudia Raia, Kiara Sasso, Miguel Falabella, entre outros. Como foi coletar esses depoimentos? Foi um processo longo e delicioso. Tudo começou em 2012, quando a ideia do livro surgiu. Esses depoimentos foram sendo coletados das mais diversas formas. Alguns são longas entrevistas gravadas em vídeo (cujo material se encontra editado em vídeos no YouTube, outros foram entrevistas feitas por e-mail e há ainda algumas feitas por áudio de WhatsApp - o que foi muito divertido! Todas as entrevistas foram transcritas e editadas num longo processo bastante solitário e com a intenção de fazê-las dialogar entre si e com os teóricos que inspiraram os pilares estéticos-filosóficos da obra. No ano de 2019, quando decidimos (eu e o editor Alex Giostri) fazermos a segunda edição, eu saí atrás de alguns outros depoimentos. Assim, incluí no livro trechos da entrevista que Claudia Raia concedeu a mim na TV Cultura, uma entrevista exclusiva de Miguel Falabella, conversas muito esclarecedoras com Rachel Rippani e muitos outros.

Vale conferir!

4- Você pode nos contar se tem planos para algum novo livro? Acha que a ascensão do teatro musical no Brasil pode gerar ainda mais material? Estou neste exato momento trabalhando em dois conteúdos que, penso, serem bem legais. O primeiro se chama Teatro Musical - Estéticas, Formatos e Convenções; e o segundo, é um projeto direcionado ao trabalho do ator de teatro musical e se chamará "A Performance da Fala - Recursos Técnicos". Quando à segunda parte da pergunta, acredito que nem começamos a escrever conteúdo de Teatro Musical Brasileiro numa velocidade e quantidade que nos seria possível e ideal. Há muito que falar sobre este país, ainda temos que falar de nossas Marias e nossos Pedros pedreiros. A nossa gente, nossos causos, nossos ritmos e heróis do dia-a-dia ainda nem foram mencionados!

5- Para você, como é ver o crescimento constante das obras originais brasileiras, já que "A Broadway Não é Aqui"? E de fato não é! A Broadway fica lá longe... e longe não apenas geograficamente, mas distante em termos de temas e assuntos, musicalidades, empostação de voz, vocabulário... até o corpo do performer está longe do nosso.

Isto posto, só posso ver com excelentes olhos a nossa produção original e espero que ela aumente a cada dia e que principalmente o público veja que a gente tem muito que falar e cantar!!!

6- Com a pandemia do COVID-19 o teatro musical, como todo o mercado cultural, foi paralisado no mundo todo, como você vê o reflexo desta pandemia na cultura em 2020?

Com tristeza e preocupação, claro! Mas acho, sinceramente, que vamos conseguir nos reerguer. Será preciso que empresários e as grandes corporações - bem como os bancos e investidores - acreditem no poder da cultura e ajudem essa imensa comunidade que, agora, está sem meios de subsistência.

Mas penso que o teatro é uma arte mais antiga que Jesus Cristo e vai continuar!

Talvez recomeçar em alguns aspectos, mas certamente ainda vamos poder aplaudir-nos uns aos outros! Em breve, espero!

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