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É o fim do palco italiano? Compreenda o fenômeno de novos formatos de se fazer musicais


Para tentar compreender o que gera o fenômeno em que vamos tratar, vou primeiro propor tentar entender o porquê do teatro estar vivo até hoje, uma arte milenar, na qual poderia facilmente ser substituível por novos formatos que os avanços tecnológicos nos proporciona, como o cinema. Mesmo assim, o teatro sobrevive, e se torna mais importante do que nunca, muito disso se dá pelo fato dele ser sobre conexão, o olho no olho que tanto nos falta nos tempos atuais, e que uma simples tela não é capaz de nos proporcionar. Estamos sedentos por experiências completas.


Daí entramos no universo do teatro musical. Grandes produções, com cenários e figurinos gigantescos, muitas vezes geram um certo uma barreira, um distanciamento entre o público e a plateia, principalmente quando você senta no balcão daquele teatro com mais de mil lugares e só vê uma manchinha no palco. Para contornar esse distanciamento, e trazer de volta essa conexão proposta pelo teatro, estamos presenciando um movimento cada vez maior de produções tentando redefinir formatos de como fazer musicais.


Como é o exemplo da produção que irá estrear logo logo em Hollywood do musical ‘Rock of Ages’. Já que o cenário principal do espetáculo é um bar, o Bourbon Room, decidiram realmente criar esse espaço, onde o musical será encenado. Será uma experiência de imersão completa, o público poderá comprar bebidas no bar, jantar, interagir com os atores, e inclusive fazer uma tatuagem enquanto o espetáculo não começa. Outro exemplo é o ‘Mamma Mia! The Party’, em cartaz em Londres, e em breve na Suécia. Num formato semelhante com o de Rock of Ages, o público é convidado a passar uma noite na taverna de Donna, na ilha de Skopelos, onde o primeiro filme foi gravado, só que dessa vez, com uma nova história.

Mas ‘Starlight Express’ está aqui para provar que não estamos falando de um movimento tão recente assim. O musical que estreou em 1984 na West End, onde ficou em cartaz por quase vinte anos, ao trazer a temática de corrida, propõe um palco em forma de pistas, que passam pelo meio do público. Mas podemos perceber que esses novos formatos estão cada vez mais presente no teatro.

A estreia de ‘Natasha, Pierre and The Great Comet of 1812’ na Broadway, em 2016, trouxe uma nova perspectiva ao assunto, mostrando que mesmo em um teatro de grande porte, no caso, o Imperial Theatre, com capacidade para 1417 pessoas, pode se reinventar e deixar o público mais próximo dos atores.


No Brasil, essa onda recebe o auxílio do 033 Rooftop, um espaço, na cobertura do Teatro Santander, dedicado a receber eventos. O primeiro musical que estreou lá foi O Grande Cometa, mostrando que o espaço tem uma estrutura perfeita para receber grandes musicais, em formatos alternativos. Seguindo a linha do Cometa, Zorro está atualmente em cartaz no local, propondo uma imersão no universo espanhol, que inclui, além da experiência gastronômica, com tapas deliciosas, um pré-show com aula de flamenco aberto ao público. E não para por aí, já foi anunciado a montagem de Deamgirls nesse mesmo espaço, o musical será produzido pela Claudia Raia.


Mas não precisamos ir muito longe, podemos ver sintomas desse fenômeno na produção brasileira de ‘Rock of Ages’, onde o público podia sentar em duas mesinhas no palco. Ou mais recentemente em Heathers, com sua plateia interativa, onde o público, além de sentar em arquibancadas no palco, também recebem pompons para participar das cenas.

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