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Entrevista com Vanessa Costa


Há mais de 10 anos no mercado do Teatro Musical, Vanessa agora se destaca como Sra. Wilkinson na montagem brasileira de "Billy Elliot" em cartaz no Teatro Alfa em São Paulo.

1- Vanessa, conta um pouco da sua carreira pra gente e como você se interessou pelo teatro musical

Eu comecei a dançar com 4 anos, igual a toda menina, mas com 9 anos já sabia que queria ser bailarina, então meus pais descobriram a Escola de Bailados de São Paulo e me levaram pra fazer um teste, passei e comecei a estudar para ser uma bailarina profissional. Além dos 8 anos de ballet clássico fiz milhões de cursos de jazz, contemporâneo tudo que envolvia dança lá estava eu.

Sempre trabalhei com dança, um dia fui assistir o musical "Chicago", fiquei apaixonada e pensei " nossa porque não estou fazendo isso" . Então, no ano seguinte teve uma audição pro musical "Sweet Charity", fiz o teste, passei e depois comecei uma busca maluca por aulas de canto e de teatro.

2- Você participou de montagens franchise como “Cats” e “A Bela e a Fera”. O que você aprendeu com essa experiência? O quão diferente é das montagens não réplicas?

É uma delícia ter a possibilidade de trabalhar com equipes "gringas" eles são extremamente objetivos e por remontarem a muito tempo a mesma produção, o processo acontece mais rapidamente, porque temos que seguir exatamente como ele é. É um aprendizado maravilhoso, eles trazem muitas informações sobre tudo do show, acredito que a maior diferença é o processo de montagem, quando estamos numa produção não franchise o processo de montagem é mais flexível, é uma descoberta junto com a equipe criativa.

Discutimos sobre o enredo, o personagem, até encontrar o melhor caminho. Leva um tempo um pouco maior pra ficar pronto , mas é muito enriquecedor também.

3- Você tem uma parceria de muitos trabalhos com o coreógrafo Alonso Barros. Conta um pouco dessa parceria.

Nossa amo, rs. Eu tive o prazer de conhecer o Alonso em 2006 no meu primeiro musical Sweet Charity, naquela época não imaginava que um dia teríamos essa ligação. Ele é um presente, Alonso é um gênio e eu aprendo constantemente com ele. Acho que entender e respeitar o tempo de criação dele é o essencial. Uma vez que percebo o que ele definiu como movimento ou frase coreográfica, entro em ação com meu corpo pra ele então ver se gosta e se é o que ele quer . Ele é questionador e sempre espera uma opinião e isso me torna mais observadora. Olha trabalhar com ele é muito enriquecedor, me alimenta como bailarina , atriz e coreografa .

4- Uma faceta da sua carreira é seu trabalho como diretora residente e assistente de coreografia. Fale um pouco dessa função e sua importância na montagem e manutenção de um musical.

Venho trabalhando esse lado nos últimos 3 anos, amo poder estar junto do criativo participando da montagem e aprendendo com os "grandes". Entender o tempo do outro, aperfeiçoar a minha sensibilidade de ouvir e falar e além de tudo aprender vendo o outro fazer é muito enriquecedor. Essas duas funções são muito importantes dentro do musical, a assistente de coreografia é quem vai tirar as dúvidas, limpar os movimentos, passar as frases coreográficas, fazer as contagens, e fazer o elenco repetir, repetir até tudo ficar do gosto do coreógrafo. Muitas vezes o assistente acaba ficando durante a temporada como um dance captain ou assistente do diretor residente. O diretor residente tem a função de cuidar da manutenção do show, ele cuida para que show se mantenha da maneira que foi concebido pelo criativo. Precisa entender toda a estrutura do show, estar atento a cada detalhe, ele

trabalha junto com o diretor musical e, caso entenda de dança, assume a responsabilidade da manutenção coreográfica, além da manutenção cênica, tudo o que acontece no show, com relação entrada e saída de cenários, luz, som, substituições e ensaios precisam passar passar pela aprovação do diretor residente. É uma função de extrema responsabilidade e tudo deve ser reportado para a equipe de criativo do show.

5- Após tantos trabalhos, em “Billy Elliot” a Mrs Wilkinson é sua primeira grande personagem! Quais os desafios que esse musical traz?

Estar preparada fisicamente, é uma personagem intensa, vigorosa e completa com muitos números longos que misturam cena/ dança/ canto. O maior desafio é fazer ela com a maestria que ela merece.

6- Conte um pouco da sua personagem. De onde veio sua inspiração e referências para construção dela?

Ela é uma mulher frustrada, que vive uma mesmice, chega a ser um pouco dura por conta disso... mas o aparecimento do Billy faz ela ter um respiro. Ela encontra nele uma forma de se realizar e reviver algo que ela gostaria de ser, ele trás esperança, alegria e renovação para aquela mulher. Eu assisti milhões de montagens , assisti o filme, fui no meu passado, nas minhas memórias, lembrar de mestres que tive e que parecessem em algumas atitudes com ela e me observei muito como professora o que eu poderia emprestar da Vanessa pra ela.

7- Você tem experiência como professora de dança na vida real, inclusive dentro do teatro musical. Como é para você interpretar uma professora de dança? Você já se pegou corrigindo o elenco “de verdade” durante alguma cena?

É meu universo, então a atitude de dar aula é como falar as nomenclaturas clássicas, fazer as contagens era algo muito natural. Mas tive que me atentar muito pra não ser a Vanessa e sim lembrar sempre o porquê dela ser daquele jeito e de como a Sra. Wilkinson falaria e agiria, sempre pensando na personagem. Não, corrigindo, não, mas antecipando a correção sim. Tipo antes do Billy ir pra um movimento que eu sei quais são os erros que podem ser cometidos e atrapalhar a execução, sempre falo: "Respira, marca cabeça, estica os joelhos e pés, força!". E eles sempre fazem um sinal com a cabeça de "sim senhora " e vão...(risos)

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