Para quem acompanha assiduamente os musicais em cartaz, as carinhas de Giuia Nadruz, Mateus Ribeiro e Rafael Pucca já são bem familiares. Os três têm em seus currículos várias peças, mas recentemente o trio se aventurou em uma nova área: a produção.
Em cartaz no espetáculo “A Despedida”, da Cia Meia Um, eles se dividem entre as funções de atores e produtores. A Companhia, que acredita no teatro de pesquisa, já existe há dois anos, e essa é a primeira peça produzida, “A Despedida” conta a historia da ultima conversa entre a Princesa Isabel e sua irmã, Leopoldina Teresa, e apesar do elenco, a peça não é um musical.
Giulia, que tem como trabalhos recentes o musical Ghost e a dublagem do filme A Bela e a Fera, falou um pouco sobre as dificuldades da Cia “Realmente é a primeira vez que trabalho como produtora e tem sido uma experiência muito rica. Na verdade, todos os integrantes da Cia dividem a responsabilidade da produção. Produzir teatro não é fácil, principalmente no Brasil. Ouvimos isso com frequência, mas agora vejo o quanto é verdade”, apesar de todas essas dificuldades, ela completa “Há tempos que eu tinha vontade de experimentar trabalhar "do outro lado", nos bastidores de alguma produção própria e está sendo um grande aprendizado.”
Para Rafael Pucca, participar de “A Despedida” foi como receber a chance que ele esperava para experimentar novos estilos de teatro “Há algum tempo eu venho querendo trabalhar com textos mais densos, linguagens menos comuns, paquerando com o drama, a fim de explorar e pesquisar mais o meu trabalho de ator, até porque o teatro é a minha primeira formação. Em 2015, me arrisquei em outros projetos independentes, um drama e uma comédia, apresentados em um bar na Rua Augusta e também fiz um musical brasileiro no final desse mesmo ano. Agora, eu estava terminando a temporada de Godspell quando A Despedida estreou, então pude explorar os diferentes gêneros no palco praticamente ao mesmo tempo, o que é um privilégio e uma linda oportunidade para aprender mais e mais.”
Mateus Ribeiro contou que recebeu o convite para fazer parte da peça quando ainda estava em cartaz no musical “60! Doc Musical”, no Rio de Janeiro, convite enviado por Nina Dutra, integrante da Cia Meia Um e responsável por interpretar a Princesa Isabel “a Nina me enviou o texto e uma apresentação do espetáculo e meu interesse nasceu de imediato. Pra mim está sendo muito prazeroso, desde a parte dos ensaios até agora em nossa temporada, como também estar aprendendo a produzir pela primeira vez. Eu comecei no teatro "convencional" mas desde que cheguei em SP ainda não tinha tido o prazer de trabalhar com espetáculos sem ser de Teatro Musical, por uma questão de escolhas e até mesmo de tempo. Estava com saudade e acredito que as coisas acontecem no momento em que tem que acontecer.”
Nina e Mateus protagonizam uma das cenas mais marcantes, uma espécie de dança, que simboliza a relação entre marido e mulher de Isabel e Gaston, “A dança partiu de um estudo de contato improvisação, um princípio usado tanto no teatro físico como na dança contemporânea, e foi toda criada em cima disso. Começamos com exercícios guiados pela Graziela Bastos, nossa preparadora corporal, que traziam vários princípios de movimentação individual, em duplas, trios e em grupo para criar repertório em cada um de nós e jogos corporais de improviso entre todos”, contou Nina. Ao lado de Iuri Saraiva, diretor da peça e um dos responsáveis pelo texto, Graziela Bastos foi criando a sequencia de movimentos para o casal, “Esse desenho deles determinou o que a dança deveria transmitir, ela deveria contar uma história, ela é uma narrativa sobre da relação da Isabel e do Gaston e uma representação do que a gente entende que foi a trajetória do amor deles.” Completou a atriz, que também é conhecida pelo publico através dos vídeos do canal DRelacionamentos.
Sobre trabalhar com “atores de musicais”, Iuri afirmou “O elenco mostrou-se muito entregue desde o primeiro dia de ensaio. Esse é o material mais precioso que um ator pode oferecer, independente do nixo ao qual ele pertence. Nosso maior desafio, creio eu, foi a responsabilidade de abordar com empatia e respeito os temas que abordamos na peça. Falando das atrizes, atores e músicos, fico seguro em dizer que o acaso me cobriu de presentes.”
A má notícia é que a peça está em sua reta final, as últimas apresentações acontecem no domingo (30), ás 20h e na segunda (31), ás 21h, não percam a chance de prestigiar esse lindo espetáculo. A Despedida está em cartaz no Centro Compartilhado de Criação, em São Paulo.
A Despedida Centro Compartilhado de Criação Rua Brigadeiro Galvão, 1010 Barra Funda Ingressos: R$ 30 Vendas pelo site ou na bilheteria do teatro