top of page
LOGO_Backstage_Musical_NOVO2020_Crachá.

A Bela e Fera: A Jornada de uma Princesa

O dia finalmente chegou! No último dia 17 de Março, enfim a espera se encerrou e podemos conferir a mais nova produção da Disney, a versão live action de ‘A Bela e Fera’. Lindo, encantador e emocionante, o filme tem ganhado um hype que condiz com a grandiosidade da produção. Há muito que dizer sobre a produção: da nossa impressão geral até as críticas positivas e negativas que o filme vem agregando, por isso, Seja o Nosso convidado para entender um pouco de todo o processo de produção até o nosso veredito final.

Era uma Vez...

Quando anunciado uma versão em live action, uma coisa era certa: A Disney não pouparia esforços para que a produção fosse emblemática. A animação ‘A Bela e a Fera’ de 1991 é um grande marco para os estúdios Disney: novas técnicas de animação, sucesso de bilheteria, personagens carismáticos e uma trilha sonora vencedora do Oscar de ‘Melhor Trilha Sonora’ e que emplacou três canções concorrendo na categoria ‘Melhor Canção Original’ na qual, “Beauty and The Beast” se consagrou a vencedora da estatueta. O filme animado chegou a ser indicado ao Oscar de ‘Melhor Filme’ naquele ano concorrendo com outras grandes produções de igual para igual, sendo a 1ª animação a conseguir esse feito e, só não levou o prêmio de ‘Melhor Animação’ pois na época, ainda não existia essa categoria.

Já no Globo de Ouro, ‘A Bela e a Fera’ levou a estatueta ‘Melhor Filme de Comédia ou Musical’ e tem excelentes notas nos principais sites de crítica especializada de cinema: Rotten Tomatoes (93%), Metacritic (95/100) e IMDb (8) . Para encurtar a conversa, ‘A Bela e a Fera’ é um dos queridinhos da Disney e, para a crítica especializada, é tão marcante para a história do cinema de animação quanto ‘Branca de Neve e os Sete Anões’, o 1º Longa de animação a ser produzido (1937). Nesse sentido, um remake do filme deveria honrar a grande significância que o filme tem: O desafio da Disney era grande e a nossa expectativa, maior ainda.

Tudo é igual nessa minha aldeia ...

Quando os trailers saíram, foi inevitável para o fãs do filme original notarem a semelhança entre ambas produções. Muitos dos fãs mais entusiastas celebraram o resgate ao clássico de animação e para muitos, esse seria o ponto forte desse filme. No entanto, alguns já apontavam que a Disney estava caminhando para a uma produção 1:1, ou seja, um remake feito de forma literal tal qual seu sucessor. E é aí que mora a principal implicância de alguns críticos ao filme: O diretor Bill Condon tentou demais encaixar e recriar os planos de cena e diálogos do filme de 1991 e com isso, o potencial do filme foi desperdiçado.

Alguns ainda apontaram como duvidosa a opção da Disney em fazer do filme um musical, pontuando mais uma vez sobre a escolha de recriar com atores reais as cenas concebidas originalmente como animação, afinal, nos números musicais é ainda mais perceptível o quanto os planos, closes e etc estavam seguindo a linha da cópia literal. No entanto, não teria como a Disney não enveredar para o caminho de uma produção não musical, afinal ‘Beauty And The Beast’ foi o primeiro musical da Disney Theatrical a ser adaptado para os palcos da Broadway, abrindo o caminho para que mais tarde, sucessos de crítica e bilheteria fossem encenados como ‘The Lion King’; ‘Newsies’ e ‘Aladdin’.

Para quem tem uma ligação forte com o desenho de 1991, esses questionamentos não incomodam, afinal, ver as cenas sendo recriadas é um grande ponto positivo. Quem não tem alguma ligação particular com o filme ainda consegue ter empatia por ele e e para aqueles que não gostam tanto de cinema musical, essas cenas com músicas são pontuais, o que acaba não sendo um incômodo. Vale também mencionar que, além de trazer um quê de nostalgia, o filme soluciona alguns buracos da trama original desenvolvendo melhor ainda a história do príncipe e sua maldição sofrida, da ligação da Bela com seus pais, entre outras coisas. Ou seja, por fim, o filme trouxe novos elementos para narrativa e não ficou apenas no fan service.

Estamos vendo alguma coisa BOA acontecer

ATENÇÃO: Nesse ponto, destacamos os pontos positivos do filme, e eventualmente, Spoilers vão aparecer! Para sua comodidade, marcamos com um (*) os parágrafos em que revelamos esses detalhes.

Uma das grandes cartadas da produção é o elenco: Só a Disney mesmo, empenhada em fazer um bom filme para reunir Sir Ian MacKellen, Kevin Kline, Ewan McGregor, Audra McDonald e Emma Thompson. Ao lado desses grandes nomes, somam-se ainda os talentos de Luke Evans e Josh Gad, incríveis em seus papéis, Dan Stevens, Gugu Mbatha-Raw, Stanley Tucci, Hattie Morahan e, é claro, a cereja do bolo: Emma Watson. A presença da jovem atriz conhecida pelo seu trabalho na franquia ‘Harry Potter’ no filme representa muito para a Disney e Watson contribuiu muito para o desenvolvimento da adaptação.

* Os roteiristas Stephen Chbosky e Evan Spiliotopoulos souberam de maneira sutil, mas eficaz, atualizar o enredo para o público atual. Como mencionado, alguns furos da narrativa foram tapados e, além disso, muitas personagens ganharam novas camadas e se tornaram mais interessantes: Descobrimos mais sobre Bela e sua família e porque ela é tão diferente da aldeia, o que fica evidente na cena da lavanderia e em que ela ensina uma garotinha a ler. Já LeFou começa como um cego seguidor de Gaston e depois começa a questionar sua admiração diante de algumas barbáries do viril Capitão: quando LeFou segue junto da multidão, percebemos no seu pequeno solo que a sua lealdade já não é a mesma.

A crítica também destacou a representatividade que o filme traz, sendo esse mais um acerto dos roteiristas. Personagens negros, casais inter-raciais (algo ainda bem polêmico nos EUA), e personagens LGBT estão ali no filme. Além disso, Bela ficou ainda menos “mocinha indefesa” do que já era na animação original, se tornando uma forte heroína, por meio de atuação precisa de Watson, grande porta voz do movimento feminista. Mais do que levantar bandeiras, a proposta é caminhar por uma realidade mais humanista onde há respeito e tolerância.

*Outro grande acerto: A ambientação. A produção se preocupou muito em deixar o filme datado em uma época e seguir toda lógica de indumentária e cenografia da época. No figurino, vemos as perucas de cachos brancos da época presentes em grande parte do elenco, além das roupas de mangas bufantes e exageradas. A pequena vila onde Bela mora também está mais coerente com a realidade de uma vida no interior e o Castelo da Fera foi criado em cima de estudos de arquitetura da época, e o resultado são cenários de brilhar os olhos. Há também menções à morte de pessoas pela Peste Negra e ao progresso científico que estava se iniciando.

* Vale também lembrar que ao modelo da adaptação cinematográfica de ‘Les Misérables’, o elenco de ‘A Bela e a Fera’ também cantou ao vivo durante a gravação dos números musicais, tudo isso para tornar mais verdadeiras essas cenas. Cada música é um espetáculo a parte, são momentos para largar a pipoca de lado e ficar concentrado vendo a beleza da cena e cantarolar a música. Na cena de abertura “Belle”, é interessante ver a história nas entrelinhas de cada personagem que canta um versinho que seja da canção, detalhes que podem até passar despercebidos aos adultos. Pontos altos da produção.

Embora a animação da Fera ter sido apontada como digital demais, os Objetos Encantados são tão incríveis e carismáticos quanto os do filme original. Do design que respeita a época, a dublagem que casa muito bem, impossível não dizer que essas personagens são um destaque dentro do filme. A animação de Lumiere, Horloge e companhia é bastante crível.

E Nós? Os fãs de Musicais?

A ideia inicial, revelada pelo compositor Alan Menken em entrevista, era de que fosse feito uma adaptação cinematográfica com base no próprio musical de Broadway. Infelizmente, a ideia foi descartada e deu-se inicio ao projeto que resultou no filme que temos hoje. Em 2015, quando o filme começou a tomar forma, Menken tinha sido confirmado na produção como compositor de novas canções, reacendendo os ânimos para uma produção musical, mesmo que não adaptada a partir do espetáculo indicado a 9 prêmios Tony.

Quando a trilha sonora foi colocada disponível no iTunes, os fãs ficaram encantados com os novos arranjos das músicas e felizes ao imaginar cada uma das cenas ganhando vida, principalmente, levando-se em conta a qualidade vocal do elenco. Mas, junto com a boa notícia, veio uma má notícia que deixou alguns fãs chateados ao constatar que músicas como “If I Can’t Love Her”, “Home”, “Me” e “Human Again” foram cortadas do Live Action. Mas, sentimentos a parte, as novas canções compostas trouxeram um frescor ao musical.

O emblemático solo da Fera “If I Can’t Love Her” foi substituído por “For Evermore”: Embora a canção seja cantada no filme em um contexto completamente diferente do musical, o sentimento da Fera é o mesmo e para os que gostam tanto da canção que encerra o 1º ato, é possível ouvir o instrumental dela em momentos pontuais do filme. Outra canção inédita é “How Does a Moment Last Forever” que no filme mostra a ligação de Bela com seu pai Maurice e na reprise, com sua mãe, tendo função semelhante que “No Matter What” tem no musical da Broadway. Já “Days in The Sun” tem a mesma ideia de “Human Again”, canção que foi descartada da animação de 1991, reaproveitada na adaptação para os palcos e inserida no filme quando esse foi lançado em DVD.

Pode ir já se acostumando e se apaixonado pelas novas músicas e se viciando na nova trilha sonora. Aliás, se você fã do Teatro Musical Brasileiro quer um motivo para conferir logo o filme, ele está justamente na dublagem do filme. Para começar Mariana Elisabetsky, responsável por versionar ‘Wicked’ e ‘Meu Amigo Charlie Brown’, assina as versões para o português, alinhando as versões que já estão na memória do público por conta da animação, com novas letras. O trabalho está lindo!

Nas vozes, o time de dubladores é em sua maioria composto por pilares do nosso Teatro Musical: Giulia Nadruz empresta sua voz à Bela, imprimindo doçura e personalidade. Nando Pradho e Rodrigo Miallaret revivem os personagens que interpretaram nos palcos do Teatro Abril. Ivan Parente traz um Lumière vibrante, Alírio Netto trouxe irreverência a LeFou e a Plumette de Bianca Tadini é delicada e fofa. Cidália Castro canta a canção título de forma suave e emocionante e a revelação fica por conta de Fábio Azevedo, dublador da Fera, mostrando seu canto para o grande público pela primeira vez.

Somam-se ainda no coro, as vozes dos atores: Adriana Quadros, Amélia Gumes, Andrezza Massei, Any Gabrielly, Bruna Guerin, Marcos Tumura (O Lumière brasileiro), Saulo Javan, Saulo Vasconcelos (a Fera da 1ª versão do musical no Brasil), Sylvia Salustti, Thaynara Bergamin, Thiago Machado e Tony Germano, nomes que com certeza você já viu em associado à alguma montagem brasileira, além de Andressa Andreatto, Clayton Feltran, Dênia Campos, Fábio Cadôr, Fernando Campos, Gabriel Cordeiro, Júlio Ceza, Kales Figueiro, Karine Quena, Márcia Fernandes, Matheus Guerra, Mônica Toniolo, Nandu Valverde, Nicolas Cruz, Raquel Carlotti, Reinaldo Almeida, Ricardo Fábio, Tânia Viana, Thayana Roverso e Yudchi Taniguti.

Vale a Pena?

Claro que sim! Visualmente o filme é lindo, não há como não se emocionar com um conto de fadas tão bonito. O clássico foi recontado de forma mágica e moderna, sem perder a força das referências. Temos enfim um live action Disney que preocupou em manter sua forma como musical e o resultado é admirável.

Se tratando de bilheteria, o filme já é um grande sucesso: Na semana de estreia, já foram arrecadados U$160 milhões de dólares e o filme atingiu a posição 7 dentre os filme com melhor renda em estreia doméstica. O Backstage Musical recomenda ‘A Bela e a Fera’ para assistir e assistir mais uma vez. Não deixem de conferir a versão dublada e prestigiar os talentos dos palcos e dublagem brasileira.

bottom of page