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O Backs não esqueceu dO Primeiro Musical


A nova produção da Aventura Entretenimento traz aos palcos do Theatro NET SP um tema pouco inusitado para um musical: A publicidade e propaganda brasileira. Com um repertório que une canções de musicais clássicos, composições originais de Rodrigo Nogueira e jingles que marcaram a publicidade nacional, o musical é uma excelente programação que diverte públicos heterogêneos de diversas gerações.


A história tem um quê de comédia romântica, apresentando um casal às vésperas de completar 20 anos de casado e em crise de relacionamento, crise essa percebida apenas pela esposa. Apaixonada por musicais, Dora, a mocinha da trama vive imersas em fantasias musicais como escapismo da fria relação que tem com o marido Franco, um publicitário apaixonado pelo trabalho e mais ainda pela história da televisão e seus comerciais. Como testemunhas de toda essa situação, temos os vizinhos do casal e o sócio de Franco tentando sinalizar uma possível mudança desse status quo.


Amanda Acosta é a protagonista Dora e presenteia a plateia com sua doce voz e uma bela interpretação da 'sonhaDora' esposa. Ver as fantasias de Dora com os musicais é um dos pontos que certamente os fãs de musicais ficam encantados e até mesmo se identificam e a atriz, com esmero traz vida a canções clássicas de musicais inseridas fora do contexto original daquela cena, nos contemplar uma nova dimensão do significado daquela letra. O monólogo (ou melhor dizendo, seu diálogo com Jorge) é um dos momentos em que compreendemos bem as motivações da personagem, contados pela interpretação polida e viva de Amanda.


Bia Montez rouba a cena como a divertida Madalena, a vizinha de Dora. Madalena é uma avó toda modernosa, conectada e pouco recatada: com um timing de comédia bem acertado, a atriz leva o público à boas risadas, talvez pelo fato da personagem ser uma aposentada que está tão imersa na nossa forma de se conectar e comunicar dos dias de hoje com o ‘zap zap’, ‘selfies’ e ‘peguetes do tindr’. A personagem de Bia faz um excelente contraponto com Eliseo, personagem de Reiner Tenente, um publicitário sócio de Franco que tem uma vibe toda nerd e retrô e que ainda não aderiu ao celular e todo tipo de tecnologia moderna. Reiner apresenta a plateia um personagem desajeitado que cativa o público e surpreende em momentos pontuais, como em seu solo de sapateado ou com a hilária interpretação de ‘Pônei (Franco) Maldito’. Hugo Kerth como Leonardo, o neto de Madalena, é uma das personagens mais curiosas, que guarda um segredo que só é revelado ao final na peça, no entanto é cantando um dos jingles da marca Estrela que o ator se revela ao público de maneira emocionante.


Marcelo Várzea como Franco faz todo o link do musical com a publicidade, e que chega a gerar agonia na plateia ao vê-lo tão vidrado nos comerciais enquanto seu casamento se desmorona. A grande sacada do musical é o momento em que os mundos da publicidade e dos musicais se fundem após um surto de Dora e fica ao encargo do ator trazer todo o colorido à cena a medida que sua personagem tenta recuperar seu relacionamento musical. Como compositor de jingles, Franco recorrer à essas musicas comerciais para estabelecer um diálogo com a esposa que precisa ser estimulada com a música e assim, temos um Franco se aproximando do universo de Dora e, uma Dora compreendendo o ofício de Franco, uma articulação muito bem pensada pelo autor Rodrigo Nogueira.

Um dos pontos fortes do musical é seu ensemble. Composto por oito atores que se revezam entre figuras do imaginário de Dora e encenação de comerciais emblemáticos, cada um dos atores têm uma personagem que vive com maior frequência dentro do musical, que são exatamente essas personagens de musicais consagrados como O Fantasma, Dorothy, Danny Zuko e Maria Von Trapp. É interessante ver que mesmo como parte de um conjunto, cada ator conseguiu imprimir nuances da personagem original em seus movimentos, olhares e intenções, e vemos em cena realmente um encontrão de personagens que aprendemos a amar cada um seu universo particular. Com coreografias bastante animadas, o ensemble enxuto domina o espaço cênico e transmite o fascínio da protagonista com os musicais para a plateia.

A publicidade está lá, permeada em todo o texto do musical, se tornando presente nos diálogos e cenas, seja por meio de uma referência e/ou citação, pelo seu jingle ou por sua encenação. Com curadoria feita pela revista especializada 'Meio & Mensagem' e sob consultoria do grande publicitário Washington Olivetto, o espetáculo é um tributo a criação publicitária brasileira, trazendo memória ao público, propagandas que se tornaram ícones culturais que transcendem gerações que até não chegaram a ver o comercial ser transmitido em sua época original. O musical consegue transparecer a plateia a força que os comerciais televisivos tem dentro da sociedade midiatizada, sendo mais do que um discurso de conversão ao consumo, mais uma forma de entretenimento. Seja como for, os publicitários da plateia, ou qualquer outro profissional de comunicação se divertem com as referências e até se reconhecem nas personagens. Na canção original "A Alma do Meu Negócio é Você " (composta por Nogueira e Tony Lucchesi) todos os chavões do mundo publicitário são costurados em uma canção de amor que faz todo sentido para um publicitário.


Caso você não tenha conhecimento do repertório da publicidade brasileira, não se preocupe, pois em momento algum você não vai se sentir deslocado, pois embora o musical consiga estabelecer uma conexão especial com os profissionais da área, ele também foi articulado de maneira a apresentar esse universo para gerações mais recentes. Fazendo uma sátira ao lugar comum dos musicais e a rotina maluca dos profissionais da criação publicitária, o texto de Rodrigo Nogueire concilia esses dois mundos e apresenta um casamento perfeito deles, gerando um terceiro mundo que pode ser apreciado por aqueles que amam quaisquer desses mundos, seja publicidade ou os musicais. Em 'Primeiro Musical' o entretenimento é a palavra de ordem, e com uma constante interação com a plateia, o musical é uma pedida certa para aqueles que querem uma boa dose de diversão e boas risadas


SERVIÇO Temporada até dia 20 de Dezembro Theatro Net SP (Shoppong Vila Olímpia) Quintas e sextas às 21h, sábado às 21h30' e Domingo às 20h Bilheteria online: http://ingressorapido.com/

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