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O Ator- Galã, A Megera.. e Cole Porter!


Foto: Fael Velloso

Pode-se dizer que “Kiss me, Kate – O Beijo da Megera” é inspirado numa história real. Sim, pois tudo começou em 1935, quando o casal mais bem pago do teatro americano, conhecido como Os Lunts, que durante a encenação da peça “A Megera Domada” – clássico de William Shakespeare - viviam brigando. O interessante era que eles brigavam exatamente como seus personagens Catarina e Petruchio durante a peça. Isso atraiu mais público para a montagem, que sabia que sempre poderia ser surpreendido pelas brigas do casal.

Anos depois, o casal de músicos Sam e Bella Spewack, propuseram a Cole Porter criar um musical inspirado na briga dOs Lunts, e que de fundo, ainda tivesse a montagem de ‘A Megera’. Assim nasceu, em 1948, o musical que hoje ganha os palcos do Teatro Bradesco, sob a direção da dupla Möeller e Botelho, e que traz José Mayer mostrando que seu talento vai mesmo além de seus personagens machões e galanteadores da televisão.

Mayer é Fred Graham, um ator, dono de uma companhia de teatro que está encenando texto de Shakespeare. Porém, seu envolvimento com a atriz principal e ex-esposa Lilli Vanessi (Alessandra Verney) acaba atrapalhando o andamento do espetáculo pelas constantes brigas de egos entre ambos. E não para por aí: tudo acontece durante as sessões, já que Graham também se engraçou com a novata Luisa (Fabi Bang) namorada de um dos atores da companhia, e esse caso acaba por chegar aos ouvidos de sua ex. A confusão ainda tem a participação de dois gangsteres vividos por Chico Caruso (estreando em um grande musical) e de Will Anderson. Lilli está com casamento proposto por um General do exército americano, e todo esse rocambole acaba por interferir no andamento da peça dentro da peça.

Foto: Fael Velloso

A metalinguagem usada no espetáculo é divertida. Além de rirem de si mesmo, da situação do Brasil, e até debochar do formato do teatro musical no Brasil, com a canção “Chama o Shakespeare” (Brush Up Your Shakespeare), onde Caruso e Anderson expõem todos os novos ídolos nacionais, e o excesso de biografias musicadas. Piadinhas modernas, aliás, são incluídas quase que em toda a peça: menções à política, à carreira de José Mayer, incluindo ao grande espetáculo “O Violinista no Telhado”, também da dupla Möeller e Botelho, não ficam de fora das citações que dão ritmo ao show.

Por mais que algumas cenas acabem que diminuindo o ritmo circense do musical, no geral, o resultado é uma comédia gratificante de se assistir. Leve, com cenários em grande maioria pintados à mão, músicas bem traduzidas e que fazem nossos pés ficarem batendo sozinhos no ritmo, contra o chão. O coro de atores, assim como os demais atores da companhia de Graham, são um dos principais motivadores do retorno do ritmo às cenas. A diversão é ficar ali prestando a atenção nas coreografias empolgantes de Alonso Barros, como a que já inicia o segundo ato, e traz Ruben Gabira e todo o coro reclamando do calor de Baltimore dos anos 40 em “Tá Calor!” (Too Darn Hot!).


Outros artistas que merecem citações são exatamente Gabira e Ivanna Domenyco, que também já vem de outras parcerias com a dupla de produtores/diretores, e com suas vozes potentes entoam as canções de forma viva e impressionante, dividindo esse poder com as coreografias mais desenvolvidas do espetáculo.

“Kiss Me, Kate” é um projeto antigo da dupla MB, sempre tentando inserir Mayer no elenco, como se o personagem fosse feito para o ator de 66 anos (que incrivelmente, não aparenta). Os ensaios duraram apenas um mês, e no palco podemos ver que a dedicação foi intensa: todos parecem apaixonados pelo que fazem ali, algo que ficou claro na coletiva com parte do elenco. Essa empolgação passa para a plateia, e é um dos espetáculos mais vivo da companhia. Cole Porter pode se encher de orgulho, assim como nós, que aos poucos estamos alcançando a qualidade de espetáculos da Broadway, e que podemos, um dia, até mesmo superar com nosso jeitinho brasileiro. SERVIÇO Kiss Me Kate, O Beijo da Megera Temporada até 13/12 Teatro Bradesco (no Shopping Village Mall) Sex 21:30 | Sáb 21:00 | Dom 20:00 R$ 50.00 (R$ 50 (frisas), R$ 80 (balcão nobre), R$ 100 (camarote), R$ 120 (plateia alta) e R$ 150 (plateia baixa). Ingressos podem ser adquiridos pelo site Ingresso Rápido

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