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Ou Tudo Ou Nada: Nús... Sem Um no bolso!


A crise nunca foi tão midiática quanto agora. Todo mundo fala dela, todo mundo comenta nas rodinha que o negócio tá “brabo” – alguns nem sabe que crise é essa – Mas quem tá sofrendo com ela, sabe que existe, e tem doído no bolso. É um assunto meio deprê falar sobre desemprego, sobre falta de dinheiro, pessoas perdendo suas casas... Mas o musical “Ou Tudo Ou Nada”, dirigido por Tadeu Aguiar, consegue falar disso tudo, inserir cenas musicais, e manter o tom irônico e divertido de seu espetáculo. Com versão brasileira de Artur Xexéo de um espetáculo que estreou nos palcos americanos em 2000, e por sua vez era inspirado no filme de 1997 “The Full Monty” de Peter Cattaneo, o musical conta a história de seis homens, alguns deles ex operários de uma indústria, demitidos por conta de uma crise financeira, que decidem montar um show de strip-tease diferente dos que são apresentados na cidade onde moram. Com a ideia de Jerry Lukowski (Mouhamed Harfouch), um homem pode perder o direito de ver seu filho devido aos atrasos na pensão, e colaboração de seu melhor amigo Dave Bukatinsky (Claudio Mendes) , monta-se um grupo. Para incrementar o time, os amigos ainda fazem uma seleção para o grupo principal, que conta com o estranho Malcolm (André Dias), um homem esquisito que vive em função de sua mãe; Harold (Carlos Arruza), o antigo dono da fábrica, que esconde da mulher sua demissão, iludindo-a com uma vida feliz, e outras duas figuras: Noah “Jegue” Simmons (Sérgio Menezes, envelhecido por maquiagem) o mais idoso do grupo, e do hiperativo Ethan (Victor Maia, ótimo!), que sonha dançar como Donald O’Connor em “Cantando Na Chuva”, mas que tem sua melhor qualidade no tamanho imenso de seu pênis. Juntos, eles formam um grupo ímpar, e é justamente nesse sentido que a química improvável funciona. Há também o elenco feminino do espetáculo que contribui magistralmente com os pares masculinos. Sylvia Massari, que recentemente esteve nos palcos com "Sim! Eu Aceito!", surge no meio do primeiro ato como a divertida pianista Jeanette (ela fará a trilha das danças dos homens), complementam a trupe Larissa Landim, Kakau Gomes (Geórgia, esposa de Dave), Samantha Caracante (Pam, ex mulher de Jerry), Carol Futuro, Sara Marques (Susan), e Patrícia França mostrando enorme força vocal. Há ainda uma pequena estrela na história, e se trata de Xande Valois (filho de Jerry), uma criança de 8 anos, mas com uma presença de cena que faz de seu personagem um ladrão de cenas quando aparece no palco: a carisma do menino é realmente incrível.

Uma história dessas, que fala de algo tão atual mesmo se passando na década de 90, merece ser assistida e apreciada. É uma crítica bem humorada ao orgulho na hora de escolher emprego, além de mostrar os problemas encontrados na sociedade na hora de se procurar um emprego, deixando sonhos de carreiras de lado em troca de algo que gere renda imediata. Os personagens se jogam na ideia, mostrando lados seus que pouco conheciam, e claro, entendendo a ideia de que ficarão nus na frente dos próprios e de um público pagante. (Sim, tem nudes na peça!) Não é um texto raso em momento algum, pois Xexéo consegue transmitir todas as características e motivações de seus personagens. O próprio Jerry, que varia entre o turrão; o receoso; e o agitador, consegue adquirir a simpatia do público ao mostrar nas atitudes o medo de perder o direito de ver Nathan. É uma história que vai cutucar algumas pessoas na plateia, mostrar que a crise sempre esteve entre nós, e que rir às vezes pode ser o melhor remédio. Palmas para o diretor Tadeu Aguiar pela ousadia.


​SERVIÇO Temporada: De 10 de Outubro a 20 de Dezembro Local: Teatro Net Rio (Rua Siqueira Campos, 143, Copacabana) Sessões: Quinta e Sexta às 21h00, Sábado às 18h00 e 21h30 e Domingo às 19h00 Ingressos: R$ 50 a R$ 150 | Site: www.ingresso.com

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