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As musas que roubam inspiração


Todo autor teme que chegue aquele momento aterrorizante: o momento em que as ideias fogem, as palavras não conseguem se encontrar, e a história fica ali, parada, sem sair do lugar, sem ter um fio de condução ou gancho que a leve para o desenvolvimento. Todo autor tem pavor da falta de inspiração. Até mesmo o icônico cineasta Federico Fellini. Essa é a narrativa de "Nine – Um Musical Felliniano". Inspirada na produção “8½”, do diretor italiano, e que introduziu no filme fatos de sua própria vida, a produção da Möeller & Botelho chegou aos palcos do Teatro Clara Nunes, após temporada paulista e; trata justamente dessa atmosfera de crise de criação que muitos autores passam ao longo de sua carreira. O musical demorou cerca de dez anos para estrear nos palcos americanos, o motivo? Falta de criatividade. O diretor original, Tony Tune, só conseguiu se “apaixonar” pelo texto ao chamar Arthur Kopit para ajuda-lo a melhorar. O espetáculo original então recebeu 5 Tonys, e se tornou mais tarde um filme musical (que em partes, difere da versão dos palcos) pelas mãos do diretor Rob Marshall (do ótimo Chicago).

Mas e a versão nacional pelas mãos da dupla Charles Möeller e Claudio Botelho, sofre de algum tipo de problema criativo? A resposta é simples: Nem de longe! O espetáculo conta com um elenco feminino de primeira, forte, e que o tempo todo mostra sua força seja nos diálogos, ou nos excelentes números musicais. A trama segue a crise do diretor Guido Contini (Nicola Lama, ótimo!), alter ego de Fellini, que está com problemas para começar seu novo filme. Sua fonte de inspiração secou, seus últimos filmes foram um fracasso de público, e sua produtora e ouvinte Lili La Fleur (Totia Meireles) está em seu encalço cobrando providências do novo projeto. Agoniado, Contini e sua esposa Luisa Contini (Carol Castro) vão para uma espécie de SPA, não só para que o autor consiga te ideias, como para fugir de sua amante, a doce e ninfeta Carla Albanese (Malu Rodrigues). Nesse lugar, Contini acaba por se confrontar com todas as mulheres de sua vida, tanto fisicamente, como em sonhos, confundindo realidade e ilusão em vários momentos. Como é o caso de se encontro com a italiana Sarraghina (Myra Ruiz), que rende a cena mais impactante e bela de todo o musical, ao cantarem “Ti Voglio Bene/ Be Italian”, em um número que, sem exageros, é de arrepiar. Myra tem uma voz forte, carisma em cena, e sua personagem, mesmo que em momentos pontuais, consegue roubar a cena pelas expressões e timbres da bela e quase estreante atriz. O diretor ainda flerta com conversas e memórias de infância com sua mãe, interpretada pela atriz Sônia Clara.

A versão da dupla Möeller e Botelho consegue misturar várias referências. Desde o filme de Fellini, passando pelo espetáculo de 1982, o filme de Marshall, e incluir cenários e modismos brasileiros. Elenco em total sintonia, mistura de gerações, e a graça brasileira em uma história que se torna atípica para todos aqueles que vivem de criar mundos, personagens e situações. “Nine” surpreende pelo total envolvimento dos artistas, e sela mais uma vez a atenção e detalhes da dupla de diretores, que justificam o sucesso na carreira, introduzindo versões particulares de musicais americanos, com sua assinatura 100% brasileira. SERVIÇO Temporada: De 8 de outubro a 8 de novembro – CURTA TEMPORADA Horários: Quintas, Sextas e Sábados, às 21h. Domingos, às 19h. Ingressos: R$ 90 (Quintas e Sextas) e R$ 120 (Sábados e Domingos) – INTEIRA Duração 2h (com 15 minutos de intervalo incluído)

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