O romance clássico brasileiro “A Escrava Isaura” deve virar musical em 2016. A história, escrita por Bernardo Guimarães, um abolicionista panfletário, foi lançada em 1875. O livro conta a vida de Isaura, uma escrava branca muito bonita, criada como nobre pela família a quem pertencia, durante os primeiros anos do reinado de Dom Pedro II, Príncipe Regente do Brasil, e é ambientada em Campos de Goitacases, no Rio de Janeiro.
Embora seja considerada por muitos críticos como uma obra fraca em relação a outras do mesmo período, ficou muito conhecida, no último quarto do século 19 entre as mulheres, que estavam, naquele momento, aprendendo a ler e escrever, também, devido ao romance puro que a história trazia.
“A Escrava Isaura” ganhou muita notabilidade em 1976, quando foi adaptada pela primeira vez pela televisão, na TV Globo. Conhecida mundialmente, durante décadas foi a novela brasileira mais vendida para outros países. Atualmente, amarga o sexto lugar, perdendo para Avenida Brasil (106 países), Da cor do Pecado (100 países), Terra Nostra (95 países), O Clone (91 países), Caminho das Índias (90 países), Escrava Isaura (79 países).
Na produção original, Isaura (Lucélia Santos), órfã desde o nascimento, é criada por uma bondosa dona de escravos, Ester (Beatriz Lyra), que morre logo no começo da trama. Isaura cresce sem saber quem são seus pais verdadeiros, sob os maus tratos do filho de sua protetora, Leôncio (Rubens de Falco). Embora tivesse recebido sua carta de alforria de sua antiga dona, Isaura perde essa carta e é comprada por Leôncio, que nutre uma paixão doentia e não correspondida pela escrava. O ódio aumenta quando Isaura foge e conhece o jovem abolicionista Álvaro (Edwin Luisi).
A trilha sonora original contava com composições de Paulo Cesar Pinheiro, Francis Hime e outros e se destaca pelo tema de abertura, Retirantes, composto por Dorival Caymmi em parceria com o baiano Jorge Amado (você pode não se lembrar por nome, mas quando pensa em escravidão, com certeza lembra do tema de abertura de A Escrava Isaura, com a voz grave de Caymmi cantando “Lerê lerê lererê rererê!).
O projeto de tornar a história clássica brasileira partiu do produtor venezuelano Daniel Bort, radicado nos Estados Unidos, há quase 20 anos. Daniel assistiu à história quando criança e se apaixonou pela obra. Hoje, morando nos Estados Unidos e trabalhando com cinema e teatro, entrou em contato com o escritor e roteirista de musicais da Broadway Shawn Northrip, que topou na mesma hora escrever o libreto da peça. As 23 músicas ficam a cargo do maestro e compositor brasileiro Carlos Bauzys.
Completando o time técnico, a produção metade brasileira metade estadounidense conta com a produção de Marllos Silva, direção de Jeff Whiting e figurinos luxuosos de Fause Haten. A ideia é que a peça estreie em São Paulo no primeiro semestre de 2016 e passe por Buenos Airdes, Cidade do México e Londres, até terminar sua temporada em 2020. As informações ainda são poucas e as especulações muitas. Enquanto isso, só nos resta esperar e guardar a ansiedade ao som dos atabaques e chibatas até 2016.