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The Book of Mormon


Eu juro que tive um baque. Há pouco mais de 4 ou 5 meses, um amigo meu postou no Facebook que era a última apresentação de um espetáculo de nome em inglês, na UERJ. Mais cedo, no RJ TV, o querido Fábio Júdice também havia comentado sobre o sucesso, perfeição e diversão que o tal espetáculo (gratuito) proporcionava. Bem, não precisava de mais nada! Saí cedo de casa, e pra UERJ fui. Enfrentei fila, fiquei horas ali esperando, vi gente voltando pra casa… Mas ali, começou… Virei fã número 1 de THE BOOK OF MORMON.

Após a primeira vez, aquelas músicas ficaram na minha cabeça. Aquelas letras tão bem traduzidas, atores que mesmo sabendo serem ainda alunos, muitos deles tinham perfis e características que colocariam muitos profissionais renomados da área no chinelo. Então, fuxicando para aprender um pouco mais, descobri tardiamente, que era um espetáculo da Broadway, cheio de prêmios e indicações (vencedor de 9 Tony Awards e indicado em 14 categorias), e, o que mais me deixou animado: Escrito, dirigido, e com músicas da dupla Trey Parker e Matt Stone, os insanos criadores da animação South Park. Essas informações, aliadas ao show que acabara de assistir no palco da UERJ, fizeram com que me tornasse realmente um fã. Cantando as músicas, enchendo o saco de amigos com a canção-chiclete “OLÁ”. E acabou que eles emendaram em outra temporada, e em mais uma, que começou no último dia 18 de julho, e que se estende por mais essa semana, até domingo, dia 27.

A MISSÃO

Todos os elementos dessa versão nacional encenada por alunos de universidades federais cariocas, mas principalmente calcado com a UNI RIO, revelam o talento de todos os envolvidos. Não estamos diante de versões que parecem terem sido traduzidas por um tradutor automático. Em The Book, tudo parece brasileiro. Cada Elder ali presente, possui uma característica marcante. Até mesmo os com menos falas. É um grupo que está nesse ramo não agora, mas que com um texto polêmico, pode conseguir abrir portas para suas carreiras, e isso merecidamente.

Conhecemos aqui a história de Elder Price (Hugo Kerth, ótimo), um mórmon egoísta, que só pensa em sua carreira e em se tornar um missionário sem a ajuda dos demais, e de seu parceiro de missão, Elder Cunningham (Leo Bahia, show de carisma e talento!), um gordinho nerd, que tem como mania mentir demais, e comparar suas situações a momentos decisivos de seus filmes favoritos. Price tem um baque ao descobrir que, além de ter que dividir sua missão divina com um fracassado, irá para a África, precisamente na Uganda, tentar batizar o maior número de africanos possível. Porém, no velho continente, as coisas poderão ficar ainda piores, já que o terrível General Koni assombra o vilarejo onde os dois irão se hospedar, ameaçando as jovens locais com a temível mania de circuncidar mulheres, por considerar o clitóris uma maldição para o local. Juntos, os Elders precisarão se esforçar não só para evangelizar todos os africanos dali, como para fugir da morte violenta pelas mãos de Koni.

Embalado por 20 canções (com orquestra ao vivo!), que são ao mesmo tempo divertidas e belas, o espetáculo narra toda essa história pesada, de forma cômica, abusando de citações e referências, e com uma química entre todos, que só nos resta sentar ali, boquiabertos, e assistir os números que misturam diversos tipos de coreografias e ritmos, coreografadas pelo talentoso Victor Maia, que nessa temporada, aliás, interpretou Cunningham, pois Leo Bahia estava se apresentando com a nova montagem de A Ópera do Malandro, de João Falcão.

ELENCO

A direção geral de Rubens Lima Jr. Também merece aplausos. Nós do Backstage Musical pudemos assistir à passagem de som e ensaio antes da peça começar, e observar o carinho e precisão que o diretor tem com seu elenco. Ele briga, ele grita, mas ao final, tudo acaba saindo perfeito. Chega a certo momento, a pedir que um dos atores se “empolgue” menos, pois pode danificar os microfones durante a peça. Claro que, isso sorrindo, e depois continuando o ensaio.

O The Book of Mormon original, foi encenado pela primeira vez em 2011. No mesmo ano, Rubens o assistiu na Broadway , e sentiu logo o impacto da história. Segundo ele, Trey Parker e Matt Stone haviam reinventado a Broadway, usando o politicamente incorreto, e a auto piada (no caso, os americanos), numa comédia musical. Mas como trazer uma comédia musical, com um tema tão americano para o Brasil? Afinal, os Mórmons surgiram nos EUA, depois de uma visão do profeta (?)Joseph Smith, em 1829, que inclui algumas passagens até mesmo exóticas, como Jesus morando em um planeta só seu, e Deus, num planetinha vizinho… Enfim…

Começou-se então a seleção de alunos, iniciada com 84 e ao final, restando apenas 23. Aí, foram surgindo músicos, figurinistas, cenógrafos, iluminador, produtores, teóricos, toda uma equipe disposta a ajudar na produção e realização do espetáculo.

O elenco, formado pelos alunos, alguns se destacam, como os já citados Hugo Kerth, Leo Bahia, e ainda Vinícius Teixeira como o afetado líder dos mórmons na África, Elder McKinley; Giulianna Farias e Larissa Landim, que revezam na interpretação da filha do líder do vilarejo africano, a doceNabulungi. E claro, mesmo que com poucas falas, os demais mórmons, como Bruno Nunes, Andrei Lamberg, Guilherme Serrão, Luiz Gofman, Gabriel Demartine, entre outros. E além disso, os atores que interpretam alguns africanos, como Tauã Delmiro e Hector Gomes, que revezam o General Koni, Vítor Martinez (ou Santiago Villalba), como o líder do vilarejo Mafala Hatimbi, entre outros que também dão um show à parte.

O espetáculo continua na Cidade Das Artes, nos próximos dias 25, 26 e 27 de julho em horários alternados (confira abaixo), e tem entrada gratuita. Se tiverem a oportunidade de assistir, vá até lá! O preço que se paga é apenas esperar na fila, mas cada minuto é recompensado por cada gargalhada durante a exibição da peça. É uma comédia de humor-negro das melhores já vista, feita com menos dinheiro do que algumas superproduções teatrais que têm surgido, mas que dão um banho nessas! É um espetáculo de projeto acadêmico, sem os direitos autorais, mas que mereciam um prêmio milionário por acabarem tentando inserir um típico bom humor, sarcasmo social, no meio desse povo hipócrita que torce o nariz pra tudo que é diferente!

Viva os Mórmons!

Agradecimentos: Lorena Morais (social media)

(fotos: Yuri Goldenberg)

SERVIÇOS:

FUNDAÇÃO CIDADE DAS ARTES

Avenida das Américas, 5300

Barras da Tijuca

22793-080 – Rio de Janeiro

Coordenação de bilheteria: 21 3328 5300

Informações: 21 4003 1212

Sexta-feira (25/07) – 21:30

Sábado (26/07) – 21:00

Domingo (27/07 – Última apresentação) – 19:00

ATENÇÃO: Senhas distribuídas 1 HORA ANTES do espetáculo.

Chegar CEDO, pois a fila é grande! A procura também!

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