Por Natalie Kneit
Antes de mais nada, cabe apresentar-me, para que o leitor deste site saiba que as opiniões expressas nesta resenha critica são de uma aficionada por teatro (musical, então, é quase o ar que respiro) meu nome é Natalie Kneit, sou espectadora assídua de pelo menos 2/ 3 espetáculos semanais. Apesar da carteirinha do sindicato dos atores, jamais atuei profissionalmente. Encontrei-me há um ano, nos bastidores do musical “As Mulheres de Grey Gardens”, como coordenadora de comunicação e hoje estou em cartaz como assistente de produção da comedia musical “ Vampiras Lésbicas de Sodoma”.
Agora, ao que de fato interessa. Todos sabemos que estreias nunca são um bom parâmetro, dado o nervosismo e imprevistos. No entanto uma coisa pode ser dita de cara sobre este espetáculo colocado em cena pela Aventura Entretenimento, numa missão de resgatar temas genuinamente brasileiros: o SUCESSO de público é garantido. Tendo como base o filme original onde atuaram Glória Pires e Tony Ramos, a adaptação do bem bolado roteiro, obra de Flávio Marinho, ganhou musicalidade com as canções de Rita Lee, em sua maioria conhecidas do grande publico.
As atuações são o grande barato e motivo de aplausos em cena aberta. O casal protagonista eh vivido pela grande atriz de Musicais Claudia Netto e pelo ator Nelson Freitas, cujo papel em Zorra Total não traz à luz o fato de que o mesmo possui uma bela e afinada voz. A sintonia do casal, especialmente nas cenas em que estao “trocados” eh perfeita. Como o casal adolescente apaixonado que se vê as voltas com uma gravidez inesperada, a cantora e atriz Lua Blanco e o ator Bruno Sigrist, recém saído do musical Cazuza. Neles está o potencial de tornar este musical um HIT entre o publico jovem, já que a empatia do casal é notável.
Fafy Siqueira como a mãe/sogra esta impagável. A atuação arranca risos da plateia, especialmente nas cenas com o genro. Marya Bravo, das mais reconhecidas atrizes e cantoras de musicais, mostra toda a extensão de sua voz em duas das mais conhecidas canções, em cena como a psiquiatra amiga de Helena. Oswaldo Mil, ator baiano da vida ao tipico homem galinha, bastante similar a um outro personagem seu em “Os Cafajestes”. Em “Se Eu Fosse Você” ele vive o melhor amigo/advogado de Cláudio. Quanto ao coro, acredito que em apenas mais algumas apresentações encontrarão o encaixe perfeito dos movimentos e vozes.
Falando das coreografias, o grande Alonso Barros e seu assistente Alan Rezende buscaram maneiras de incorporá-las ao lindo e engenhoso cenário de Paulo Correa. As soluções encontradas para mostrar a cena do elevador (momento em que ocorre a mudança de personalidade) e a cena da piscina (onde no filme Tony Ramos da graciosas braçadas) são geniais e o público vibra. Os figurinos de Marcelo Pies estão perfeitos nos corpos dos atores e ajudam a contar a historia. O visagismo de Beto Carramanhos idem. O profissionalismo da Aventura se traduz na Luz de Paulo Medeiros e direção musical de Guto Graça Melo.
As 3 horas de espetáculo (1h30 primeiro ato/intervalo de 15 min e 1h15 segundo ato) passam rápido. Talvez mais rápido e mais divertido que o próprio filme que o originou, pois no teatro cabem piadas novas e cacos que o formato cinematográfico não comporta. Diversão garantida para a família. Super recomendo.