Não, meu amigo, não é musical, mas se trata dos bastidores de um. O filme “Saving Mr. Banks” (Walt Disney nos Bastidores de Mary Poppins, título brasileiro) estreou nos Estados Unidos há um tempo, mas só chega ao Brasil nos próximos meses. Estrelado por Emma Thompson e Tom Hanks, conta a história de uma promessa, do encontro entre duas pessoas criativas e das reviravoltas que o insistente Walt Disney teve que enfrentar para poder levar “Mary Poppins”, o romance da escritora, jornalista e atriz australiana P.L. Travers, aos cinemas. Acredite se quiser, pela escritora, hoje viveríamos em um mundo onde Mary Poppins seria apenas um livro! O filme, já se vê pelo trailer, prometer ser maravilhoso e não é para menos, afinal, se a história contada já era surpreendente imagine você descobrir COMO tudo se tornou surpreendente. A escritora nada fã de palavras inventadas, músicas bobas, e que fará de tudo (jogar partituras fora, não concordar com o cenário, etc) para que Walt Disney não transforme sua personagem em mais um desenho bobo foi oferecida inicialmente para Meryl Streep, que declinou do convite. Por isso, podemos curtir a londrina Emma Thompson no papel da escritora P.L. Travers. O premiadíssimo Tom Hanks dando vida ao célebre desenhista e grande realizador Walt Disney. Os dois grandes atores tinham a responsabilidade de interpretar os dois personagens e, juntos, eles levaram adiante a realização de “Walt nos Bastidores de Mary Poppins”.
A história conta que, em um dia comum, as filhas do jovem Walt Disney, Diane e Sharon, interromperam seu pai enquanto ele saía para o trabalho para lhe pedir que transformasse em filme aquela que, no momento, era a personagem preferida das meninas: a babá Mary Poppins. Sem relutar, Walt lhes prometeu que faria aquilo, mas sem saber que a promessa levaria muito tempo para ser cumprida. Walt, conhecido por ser um homem de palavra, não perdeu tempo e logo entrou em contato com a escritora e autora da obra, a atriz e escritora australiana Pamela Lyndon Travers – mais conhecida pelo pseudônimo P.L. Traver, escolhido por ela para esconder seu nome e seu sexo – mas, surpreendentemente, ela não pareceu muito interessada em permitir que o seu livro fosse adaptado e exibido nos cinemas.
A reconhecida escritora, que tinha muito cuidado com a sua obra, temia que o espírito e a fantasia da babá não pudessem ser adaptados de forma fiel. Diante dessa surpreendente negativa, a promessa que Walt havia feito às suas filhas demorou mais de 20 anos para ser cumprida. Depois de muito insistir, no início dos anos 60, a decidida escritora cedeu aos pedidos de Walt e aceitou participar como assessora na realização daquele que seria o filme com mais indicações ao Oscar em toda a história da Disney.
Por que Travers mudou de opinião? Como todo artista, Travers tinha muito zelo pela sua obra e não acreditava na fidelidade das adaptações para o cinema. Mas a insistência de Disney e a nova proposta vieram em um momento especial: ela já não recebia muito dinheiro pelas suas publicações, então, Pamela decidiu aceitar o convite do estúdio, que incluía duas semanas em Los Angeles, onde Walt Disney lhe apresentaria suas ideias e as possíveis adaptações do livro original.
A complicada Pamela – cujo nome verdadeiro era Helen – foi recebida por uma série de ideias, roteiros e músicas criadas pelos talentosos irmãos Sherman, mas a escritora não se entusiasmou nem um pouco e se mostrou inflexível com tudo aquilo que precisaria aprovar. Dia após dia, era possível ver como um grupo de criadores apaixonados trocava ideias, apresentava propostas, visões, adaptações e possibilidades para convencê-la a levar para os cinemas uma história que, desde a sua publicação, em 1934, havia emocionado várias gerações de leitores da língua inglesa.
Finalmente, a grande troca de ideias entre os artistas do estúdio e a autora permitiu que o mundo de Mary Poppins fosse criado e recriado e, assim, ao estrear nos cinemas, o filme se transformou em um clássico que não só marcou gerações, mas também criou uma nova linguagem cinematográfica – por exemplo, a apresentação de desenhos animados – para contar essas histórias mágicas.
Alguns detalhes marcantes da história:
• A primeira proposta para filmar Mary Poppins aconteceu em 1940. O filme só estreou em 1964.
• P.L. Travers e Walt Disney se encontraram pessoalmente, pela primeira vez, em 1961.
• Walt Disney levou 24 anos para cumprir a promessa que havia feito às suas filhas, Diane e Sharon.
• Richard e Robert Sherman compuseram “Chim Chim Cher-ee”, que levou o Oscar de Melhor Canção Original em 1964.
• O filme Mary Poppins obteve 13 indicações ao Oscar e ganhou 5 estatuetas. Entre elas, a que nomeava Julie Andrews como Melhor Atriz. Os efeitos especiais e a edição do filme também foram premiados.
• Em 1965, Mary Poppins recebeu o Oscar de Melhor Filme.
• O filme Walt nos Bastidores de Mary Poppins foi rodado em Los Angeles, local em que Disney e Travers se encontraram.
• O elenco é espetacular: Emma Thompson, Tom Hanks, Colin Farrell, Paul Giamatti, Bradley Whitford e Jason Schwartzman, todos eles dirigidos por John Lee Hancock.
• Para reforçar as características dos seus personagens, a inglesa Emma Thompson decidiu não usar peruca e Tom Hanks deixou o próprio bigode crescer.
• O departamento de arquivos da Disney concedeu 6 horas de gravações das reuniões entre P.L. Travers e a equipe criativa de Mary Poppins ao elenco e à produção.
• O diretor J.L Hancock e o produtor Alison Owen viajaram para Maryborough, na Austrália, para entender como foi a infância de P. L. Travers.
• Cento e vinte e quatro peças de arte foram criadas especialmente entre 1961 e 1964. Storyboards, desenhos, esboços, pinturas conceituais, roupas e artes promocionais foram compartilhadas com a produção de Walt nos Bastidores de Mary Poppins.
Para quem gosta de histórias por trás de histórias e bastidores o filme é uma grande pedida! Nós já descobrimos a verdadeira história das bruxas de Oz, não custa agora, descobrir que Mary Poppins era muito mais do que uma babá para a família Banks. #NanyMcPheeFicouComInveja